Com streamings, assistir à Premier League vai ficar mais caro no Reino Unido

Plataformas disponíveis no país podem perder assinantes depois que as contas de gás do outono chegarem, de acordo com Minal Modha, da Ampere

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Bloomberg — Os preços para assistir aos jogos da temporada atual da Premier League vão ficar mais caros no Reino Unido, subindo mais de um terço até o final de 2022, depois de um aumento na concorrência e nos valores.

A Amazon (AMZN) juntou-se à Sky e ao BT Group no final de 2019 na transmissão de jogos da Premier League do Reino Unido, adicionando uma das maiores empresas do mundo a um processo já altamente competitivo.

Antes de a Amazon entrar no negócio, o custo para assistir todas as partidas da Premier League ao vivo era de pouco menos de 540 libras — isso sem adquirir serviços extras. Até o final de 2022, contudo, o valor vai ultrapassar as 700 libras por ano, de acordo com um cálculo da Bloomberg News.

Uma assinatura da Amazon – que vem com seu serviço de entrega Prime – terá um custo extra de 17,98 libras aos consumidores pelos dois meses em que estiver transmitindo futebol da Premier League. Pela Sky Sports, na Now TV, o valor mensal será de 33,99 libras, um aumento de 78% em relação à versão mais barata de três anos atrás. O custo mais baixo para assistir pelo BT Sports ainda é de 25 libras por mês.

Embora o valor para assistir às partidas via Amazon Prime em outubro e novembro seja pequeno, o CEO do Pivotal Research Group, Jeffrey Wlodarczak, disse que o aumento da concorrência está elevando os preços para o consumidor e para as emissoras. “É difícil competir com o dinheiro e com o modelo que a Amazon tem”, disse.

A Amazon vai gastar 30 milhões de libras por ano em direitos da Premier League de 2019 até pelo menos 2025, de acordo com Ben McMurray, analista da Ampere Analysis. Segundo ele, considerando a porcentagem da população, o Reino Unido é o segundo país na Europa onde os clientes têm pelo menos uma assinatura de streaming de esportes, depois da Itália.

E as empresas de streaming têm grandes orçamentos. A Amazon, por exemplo, já investiu, desde 2018, mais de 1 bilhão de libras nas áreas de TV, filmes e esportes ao vivo.

O aumento no custo de vida das pessoas, contudo, pode funcionar como um vento contrário. Em meio à crise de energia na Europa, as plataformas disponíveis no Reino Unido podem perder assinantes depois que as contas de gás chegarem, de acordo com Minal Modha, da Ampere.

A Netflix já vem perdendo clientes após o crescimento da concorrência e a perda de renda. No último trimestre, a gigante do entretenimento perdeu 1,3 milhão de clientes nos Estados Unidos e Canadá, a região com mais assinantes da companhia.

Para compensar o custo e manter os assinantes, alguns serviços de streaming vão começar a vender publicidade. Cobrar mais dos clientes pela opção sem anúncios das plataformas não parecia algo atrativo para a Netflix nem para a Disney + no passado, que cresceram com a oferta de produtos sem interrupções comerciais. O cenário, contudo, mudou.

De acordo com o último relatório “Digital Consumer Trends”, da empresa de auditoria Deloitte, cerca de dois terços dos usuários de streaming concordam em assistir até 10 minutos de anúncios por hora.

O DAZN está incorporando apostas para complementar as assinaturas. A plataforma lançou o DAZN Bet em agosto para “criar uma experiência mais recreativa, sociável e relevante para os fãs de esportes de hoje”, afirmou em comunicado.

A OneFootball, uma empresa de mídia de futebol com sede na Alemanha, anunciou em agosto deste ano que os clientes do Reino Unido poderão assistir a um jogo ao vivo gratuito da liga italiana de futebol, Serie A, em seu app todos os dias da temporada. As emissoras tradicionais também estão oferecendo um pacote parecido para fidelizar os clientes. O canal aberto britânico ITV Plc, por exemplo, transmitirá 10 jogos da La Liga ao longo da temporada.

De forma a construir um catálogo exclusivo e atrair espectadores, as empresas de streaming também estão criando outros conteúdos esportivos. A Amazon tem sua série de documentários “All or Nothing” sobre equipes da NFL e contratou o jogador do Bath Rugby Club, Beno Obano, para produzir um documentário sobre os bastidores do Harlequins Rugby Club.

A série de Fórmula 1 “Drive to Survive” da Netflix foi um sucesso de audiência, algo que os executivos da Disney esperam replicar com “Welcome to Wrexham”, uma série que segue o Wrexham Football Club e seus donos Rob McElhenney e Ryan Reynolds.

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