Com recessão à vista, Goldman alerta para cautela e corta projeção para S&P 500

Estrategistas veem “pouso forçado” do Fed e projetam índice encerrando o ano em 3.600 pontos, uma queda de 2,5% ante os patamares atuais

Goldman Sachs Group Inc. informó sus resultados del segundo trimestre con un aumento del 32% frente al año anterior de los ingresos por transacciones.Fuente: Bloomberg
Por Abhishek Vishnoi
24 de Setembro, 2022 | 04:00 PM

Bloomberg — Em meio a preocupações de que o cenário de juros mais altos vai pesar sobre o preço das ações nos Estados Unidos, o Goldman Sachs (GS) cortou sua projeção para o índice S&P 500, de 4.300 para 3.600 pontos no fim do ano. O patamar implica um potencial de baixa da ordem de 2,5% ante o fechamento de sexta-feira (23).

O cenário de taxas mais altas no modelo de “valuation” do Goldman implica um múltiplo de preço sobre o lucro (P/L) de 15 vezes, em comparação com 18 vezes anteriormente, escreveram estrategistas como David J. Kostin, em nota publicada na quinta-feira (22).

“Nossos economistas agora preveem que o Fomc aumentará a taxa básica em 0,75 ponto percentual em novembro, 0,5 p.p. em dezembro e 0,25 p.p. em fevereiro, para uma taxa de fundos máxima de 4,5% a 4,75%.”

O Goldman explicou que os riscos para sua previsão mais recente ainda estão inclinados para o lado negativo, por causa das crescentes chances de recessão – um cenário que reduziria os lucros corporativos, aumentaria a diferença de rendimentos e empurraria o índice de ações de referência dos EUA para uma mínima de 3.150.

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O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizou que arriscaria uma recessão para os EUA se esse for o preço para combater a inflação, o que gerou a preocupação de que os bancos centrais possam frear o crescimento global.

Os valuations das ações e os rendimentos reais têm caminhado em sincronia nos últimos anos, mas essa relação divergiu recentemente, o que representa um risco para a renda variável, disse o banco de investimento americano. Anteriormente, o Goldman trabalhava com a premissa de que que os juros reais terminariam 2022 perto de 0,5%, ante estimativa atual de 1,5%

Além do Goldman, vários estrategistas consultados pela Bloomberg News reduziram suas estimativas de fim de ano para o S&P 500, mesmo que ainda projetem, em média, uma alta de 16% para o índice em relação aos patamares atuais até o fim do ano.

Os analistas também reduziram os preços-alvo para ações dos EUA, mas ainda preveem retornos de quase 26% para o benchmark nos próximos 12 meses. As estimativas de lucro de empresas que fazem parte do S&P 500 aumentaram 6% este ano, mas sofreram alguns cortes desde junho.

A maioria dos investidores de renda variável adotou a visão de que um cenário de “pouso forçado” é inevitável. Por isso, o foco agora está no momento, magnitude e duração de uma possível recessão, escreveram Kostin e equipe. Sob essa estrutura, as metas de três, seis e 12 meses do S&P 500 seriam de 3.400, 3.150 e 3.750, respectivamente, disseram.

No entanto, o S&P 500 mostra desempenho inferior ao do índice europeu Stoxx Europe 600 desde 12 de setembro, quando Kostin e equipe viam os EUA como uma aposta mais segura do que a Europa. Também dizem que um rali no fim do ano do índice acionário americano para 4.300 pontos seria possível se a inflação der sinais claros de desaceleração.

As projeções para o S&P 500 de seis e 12 meses, respectivamente, seriam de 3.600 e 4.000.

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O banco americano, como muitos de seus pares, diz que a incerteza elevada exige um posicionamento defensivo dos investidores e que, por isso, devem buscar ações com atributos de qualidade para o portfólio, como balanços sólidos, altos retornos sobre o capital e crescimento estável das vendas.

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