Powell: Economia está entrando no ‘novo normal’ do pós-pandemia

Para o presidente do Federal Reserve, a economia ainda atravessa um momento excepcionalmente incomum de interrupções nas cadeias

Um esforço para esfriar a demanda e reduzir a inflação
Por Craig Torres - Catarina Saraiva - Airielle Lowe
23 de Setembro, 2022 | 06:44 PM

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Bloomberg — Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, disse que a economia americana pode estar entrando em um “novo normal” depois das diversas interrupções sofridas durante pandemia de coronavírus.

“Continuamos a lidar com um conjunto excepcionalmente incomum de desequilíbrios”, disse Powell a líderes empresariais em um evento do Fed em Washington nesta sexta-feira (23).

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Durante seu breve discurso, Powell não discutiu as perspectivas para as taxas de juros e nem ofereceu mais detalhes sobre as perspectivas econômicas. Todos os sete diretores do conselho do Fed estavam presentes no painel.

Os diretores do banco central americano ouviram mensagens consistentes dos empresários de que os gargalos na produção e a escassez de insumos ainda são grandes motivos de preocupação para as empresas, juntamente com a dificuldade de manter a mão de obra. Falando sobre as pequenas e médias empresas, Cara Walton, da Harbor Results de Michigan, disse que seus clientes “não conseguem encontrar trabalhadores” e, quando as encontram, a rotatividade é alta.

O BC americano aumentou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual nesta semana pela terceira vez consecutiva - o ritmo mais agressivo desde que o Fed lutou contra a inflação nos anos 1980.

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Powell e os demais diretores do Fed estão tomando medidas para reduzir a inflação mais alta em quase 40 anos, depois da lentidão para detectar a ameaça das pressões sobre os preços. Há muitas críticas acerca disso, embora a inflação também tenha sido agravada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, que elevou os preços dos alimentos e da energia no mundo todo.

A vice-presidente do Fed, Lael Brainard, falou sobre como as famílias estão se adaptando à economia pós-pandemia, e ressaltou que as pressões nos preços atingem particularmente os mais vulneráveis.

“Vimos um alto crescimento salarial entre os trabalhadores de menor renda, mas, em geral, eles não acompanharam a alta inflação”, disse ela. “Se olharmos para quem arca com isso, todos são afetados pela alta inflação, mas é claro que isso coloca um fardo especialmente mais pesado nas famílias de baixa renda.”

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Os preços ao consumidor americano subiram 8,3% nos 12 meses até agosto deste ano, e as autoridades prometem reverter isso mesmo que o custo seja prejudicar a economia do país e seus trabalhadores.

Os membros do Fed descrevem a decisão como um esforço para esfriar a demanda e colocar o mercado de trabalho de volta ao “equilíbrio” – um eufemismo que encobre o fato de que muitas pessoas podem perder seus empregos no processo.

O mercado de trabalho americano até agora permanece forte, com o desemprego em 3,7%, mas as autoridades preveem um aumento para cerca de 4,4% no próximo ano, à medida que continuam a aumentar as taxas de juros.

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O Fed Listens, que aconteceu nesta sexta, é realizado nos EUA desde 2019, quando o BC do país buscou a opinião pública para revisar sua abordagem à política monetária. Essa revisão foi concluída em 2021, mas o Fed manteve o evento para manter o envolvimento do público em um momento em que suas ações continuam nas manchetes dos jornais.

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