A atual dinâmica dos preços, as expectativas de inflação e a recuperação da economia não devem permitir ao Banco Central cortar a Selic antes do terceiro trimestre de 2023, diz o Itaú em relatório, assinado por Guilherme Martins, Julia Gottlieb e Julia Passabom.
O banco considera ciclos anteriores de queda de juros entre 2005 e 2019 e conclui que as “condições necessárias para um corte bem-sucedido, ou seja, com retorno da inflação para meta e ancoragem de expectativas” não devem ocorrer antes desse prazo.
Segundo o relatório, os dados do mercado de trabalho e o câmbio serão fundamentais para determinar quando o Banco Central terá espaço para um corte na Selic.
Para que os juros pudessem começar a cair antecipadamente, o desemprego precisaria estar próximo de 12% em 2023 - ante os 10,1% projetados pelo banco - e o dólar entre R$ 4,50 e R$ 5,00 (ante R$ 5,50 estimados). Da mesma forma, uma nova surpresa positiva na atividade econômica, que trouxesse o desemprego para próximo dos 9%, e um câmbio mais próximo de R$ 6, poderiam atrasar o corte nos juros.
Os economistas avaliam que as condições para um corte ainda no primeiro semestre de 2023 são muito difíceis de serem atingidas.
“Dificilmente uma alta na taxa de desemprego ocorrerá junto de uma apreciação cambial relevante, uma vez que com desaceleração mais pronunciada da atividade, o mais provável é uma trajetória fiscal mais desafiadora e, consequentemente, uma taxa de câmbio mais depreciada”, diz o relatório.
Nesta semana, o Copom manteve a Selic em 13,75% e destacou que avaliará se a estratégia de juros estável “por período suficientemente prolongado” será capaz de assegurar a convergência da inflação.
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