Petróleo tem quarta queda semanal consecutiva com temor por alta de juros

Traders acompanham aperto da política monetária ao redor do mundo, que pode comprometer a demanda por energia

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Bloomberg — Os preços do petróleo caminhavam para a quarta queda semanal depois que a série de altas de juros em todo o mundo obscureceu as perspectivas para a demanda por energia.

Os futuros do West Texas Intermediate ficaram abaixo de US$ 82 o barril, com os preços caindo mais de 3% na semana. O Federal Reserve deu seu sinal mais claro até agora de que está disposto a tolerar uma recessão nos EUA como compensação para recuperar o controle da inflação, enquanto o Reino Unido, a Noruega e a África do Sul também aumentaram as taxas.

O petróleo continua a caminho de sua primeira perda trimestral em mais de dois anos, uma vez que as preocupações com uma desaceleração econômica global pesam sobre as perspectivas de demanda. Um dólar mais forte contribuiu para os ventos contrários de baixa nesta semana, tornando as commodities precificadas na moeda mais caras para os investidores.

É improvável que a onda de aumentos de juros marque o fim da campanha para domar a inflação, mesmo quando os bancos centrais correm o risco de levar suas economias à recessão. Isso marca uma mudança dramática em relação a um ano atrás, quando as autoridades previam publicamente que o aumento nos preços da era da pandemia desapareceria em breve.

O declínio do preço do petróleo é impulsionado por um dólar mais forte e “o aperto agressivo da política monetária”, disse Giovanni Staunovo, analista de commodities do UBS. A volatilidade continua sendo um fator, disse ele. “A tendência ainda pode mudar.”

O ministro do Petróleo da Nigéria, Timipre Sylva, disse que a Opep pode ser forçada a fazer mais cortes na produção se os preços caírem abaixo dos níveis atuais. O cartel e seus aliados no início deste mês concordaram com a primeira redução de oferta em mais de um ano. A medida mostrou que a Opep leva a sério a gestão de mercados, disse a Arábia Saudita.

“Este será um trimestre muito, muito volátil”, disse Amrita Sen, analista-chefe de petróleo da Energy Aspects, em entrevista à TV Bloomberg. Existem “muitos fatores diferentes e contraditórios que impulsionam os preços no momento”, acrescentou.

Preços do petróleo

  • O WTI para entrega em novembro recuava 2,3% para US$ 81,55 o barril na Bolsa Mercantil de Nova York às 8h24 (horário de Brasília)
  • O Brent para liquidação de novembro caía 2,1%, para US$ 88,59 o barril na bolsa ICE Futures Europe

Enquanto isso, os estados membros da União Europeia correm para conseguir um acordo político nas próximas semanas que imponha um teto de preço ao petróleo russo. O impulso ganhou força depois que o presidente Vladimir Putin anunciou nesta semana uma mobilização de tropas, intensificando a guerra na Ucrânia, e pode ser parte de uma nova série de sanções a serem propostas pela Comissão Europeia.

Já Putin e o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman reafirmaram o compromisso com a Opep+ em uma ligação na quinta-feira, segundo o Kremlin. O grupo manteve laços com a Rússia, apesar da guerra na Ucrânia.

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