Mercedes corre contra o tempo para estocar peças antes de possível racionamento de gás

Fabricantes alemães se preparam para um possível racionamento, enquanto governo procura proteger famílias e indústria da escassez

Indústria automotiva enfrenta um aumento nos custos de insumos devido ao aumento dos preços da energia
Por William Wilkes
23 de Setembro, 2022 | 02:20 PM

Bloomberg — A Mercedez-Benz está estocando peças fabricadas com o uso de gás natural em uma tentativa de manter a produção por várias semanas, mesmo que a Alemanha faça um racionamento de combustível.

A montadora alemã de veículos de luxo produziu peças extras em suas fábricas em Untertuerkheim, que vão para caixas de câmbio, eixos e componentes de transmissão, para acumular estoques em fábricas nos Estados Unidos e na China. Isso permitirá que as operações de fabricação de automóveis no Alabama e em Pequim continuem, mesmo que a escassez de gás natural na Alemanha force a empresa a parar, segundo o chefe de produção da Mercedes-Benz, Joerg Burzer.

“Não sabemos exatamente o que está por vir. Tudo depende das temperaturas durante o inverno”, disse Burzer em entrevista. “Por isso aumentamos nossos estoques para a China e para os EUA.”

Os fabricantes alemães estão correndo para se preparar para um possível racionamento de gás, enquanto o governo procura proteger as famílias e a indústria crítica da escassez. Desde que a Rússia efetivamente interrompeu os fluxos de gás em resposta ao apoio do continente à Ucrânia, a economia da Europa intensificou os esforços para encher os locais de armazenamento de gás e encontrar suprimentos alternativos antes do inverno.

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As preocupações com o racionamento severo diminuíram nos últimos dias, com os níveis de armazenamento de gás na Alemanha ultrapassando 90% nesta semana. O país, que é o mais dependente da Rússia para gás na Europa, também busca acordos com Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos sobre importações de combustíveis.

Além do risco de oferta, a indústria automotiva enfrenta um aumento nos custos de insumos devido ao aumento dos preços da energia. Os preços ao produtor subiram quase 46% em agosto, marcando um recorde e provocando preocupações com a competitividade futura.

Burzer disse que a Mercedes já reduziu seu uso de gás em 10% e ainda pode diminuir o consumo pela metade, se necessário. Em uma situação crítica, a empresa precisa manter o fornecimento de cerca de 10% das necessidades habituais de gás para funcionar normalmente, disse Burzer.

“Em uma emergência podemos substituir uma quantidade significativa de nosso consumo de gás por fontes de energia de combustível fóssil — e essa mudança está pronta para acontecer”, disse Burzer. “Temos certeza de que não teremos uma situação em que tenhamos 0% do nosso suprimento habitual de gás.”

A força-tarefa de 25 pessoas para o caso de uma crise de energia na empresa também está trabalhando na identificação de fornecedores sediados na Alemanha que estariam em risco em um cenário de racionamento de gás e está conversando com eles sobre a mudança da produção para locais fora do país.

“O sul e o sudoeste da Europa são um pouco diferentes em termos de risco de fornecimento de gás. Se houver oportunidades para nossos fornecedores movimentarem a produção, estamos conversando com eles”, disse Burzer. “É tudo que precisa de gás: plásticos, vidros, fundições.”

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