Barcelona, Espanha — Os mercados operam no vermelho em ambos lados do Atlântico. Esse comportamento defensivo responde ao cenário sombrio da economia, com juros altos, inflação persistente e risco de recessão. Os investidores ainda podem buscar um equilíbrio delicado entre a cautela com operações de risco e o apetite por oportunidades com preços descontados, mas por ora a prudência prevalece.
Os futuros de índice norte-americanos estão todos em queda. O índice Stoxx 600 da Europa caiu para o nível mais baixo desde janeiro de 2021, puxadas por ações do setor de energia, com o petróleo operando em queda firme de mais de 2%.
Ouro e bitcoin também operam no vermelho, enquanto o dólar sustenta alta como refúgio dos investidores em tempos de juro alto e possibilidade de recessão. A moeda norte-americana já atingiu hoje o maior patamar em relação ao euro em 20 anos e atingiu a maior cotação ante a libra desde 1985.
As impressões sobre a economia europeia ficaram ainda piores após a leitura do relatório do indicador PMI da Zona do Euro mostrar nesta manhã que a economia da região vai encolher 0,1% no terceiro trimestre e pode aprofundar ainda mais a queda no trimestre final de 2022. Os custos altos frearam a demanda reprimida pós-pandemia e, ao mesmo tempo, os consumidores se preparam para os riscos de interrupção de fornecimento de gás russo em pleno inverno, o que deve pesar sobre o orçamento doméstico.
→ O que guia os mercados hoje:
👁️ Novos sinais? Depois de eliminar qualquer dúvida sobre a intenção de domar os preços mesmo com risco de freada brusca na economia dos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, voltará a se pronunciar mais tarde. Os investidores também estarão atentos à bateria de indicadores PMIs, que dará a temperatura da atividade industrial e de serviços dos EUA.
🤔 No limbo. Com juros subindo nos EUA, o mercado acionário fica sem perspectivas para avançar, ao menos é o que prevê o Goldman Sachs, que reduziu de 4.300 para 3.600 pontos sua previsão para o S&P 500. O banco destaca ainda o risco crescente de recessão nos EUA, que tende a limitar os lucros das empresas e se refletir sobre o preço das ações.
💴 Em defesa do iene. A intervenção do Japão ontem para defender o valor do iene - a primeira desde 1998 - continua sob o olhar dos operadores. A divisa japonesa vem sofrendo com a distorção cambial gerada pela alta dos juros norte-americanos, que vai em direção oposta à política monetária tradicionalmente frouxa do país asiático. Ontem, a moeda se apreciou frente ao dólar e hoje segue este mesmo curso, cotada em torno de US$ 143. Analistas pontuam que intervenções deste tipo funcionam para frear oscilações no curto prazo.
⏭️ Cenas do próximo capítulo. Para a próxima semana, o mercado repercute uma série de indicadores macroeconômicos (nos Estados Unidos, pedidos de bens duráveis, PIB e inflação PCE) e, na Europa, a inflação no bloco monetário e o PIB da Alemanha, além do desenlace das eleições italianas.
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (-0,35%), S&P 500 (-0,84%), Nasdaq Composite (-1,37%), Stoxx 600 (-1,79%), Ibovespa (-1,91%)
O comportamento das bolsas permaneceu frágil após o Fed ter elevado a taxa de juros. Os investidores avaliam que a política monetária continuará restritiva até que a inflação esteja controlada. As expectativas do mercado também se refletiram nos títulos do Tesouro dos EUA. O prêmio dos bônus a 10 anos oscilou ao redor de 3,7%, o nível mais alto desde fevereiro de 2011, enquanto o do título de dois anos superou os 4,1% durante o dia.
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• Feriado: Japão
• Indicadores PMI/Set: EUA, Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França
• EUA: Secretária do Tesouro dos EUA Janet Yellen discursa em Washington
• Europa: Reino Unido (Pesquisa CBI de Varejo e Distribuição/Set); Espanha (PIB/2T22)
• América Latina: Brasil (Receita Tributária)
• Banco centrais: Discursos de Jerome Powell, presidente do Fed, Joachim Nagel (Presidente do Bundesbank)
📌 Para segunda-feira:
• EUA (Índice de Atividade do Fed de Dallas e de Chicago/Ago); Alemanha (PIB/3T22, Índice IFO de Clima de Negócios); China (Lucro Industrial/Ago) Hong Kong (Balança Comercial); Brasil (Confiança do Consumidor/Set, Transações Correntes/Jun)
(Colaborou Bianca Ribeiro. Com informações da Bloomberg News)