Bloomberg — Governos no mundo todo se encontram em uma luta solitária para defender suas moedas da força implacável do dólar, sem nenhum sinal de que estejam dispostos a agir em conjunto.
Impulsionado por uma política monetária agressiva do Federal Reserve, a força econômica dos Estados Unidos e investidores em busca de refúgio da turbulência dos mercados, o dólar continua a se fortalecer contra seus pares, grandes e pequenos. Na sexta-feira (23), a moeda americana atingiu seu nível mais alto em relação ao euro em 20 anos e o mais forte em relação à libra desde 1985.
O Japão é a mais recente grande economia a entrar de frente na briga cambial, juntando-se a nações como Índia e Chile, que têm aproveitado suas reservas de dólares para colocar um freio na desvalorização de suas moedas.
Embora os problemas nos mercados de câmbio atuais sejam, em muitos aspectos, reminiscentes dos anos 80, é improvável que as soluções também sejam.
Naquela época, as superpotências econômicas do mundo concordaram em enfrentar em uníssono o problema da força persistente do dólar, chegando a um entendimento em 1985 conhecido como Acordo de Plaza. Desta vez, há poucos sinais de um pacto semelhante, com interesses econômicos nacionais divergentes e a reversão de décadas em direção a uma maior integração global.
A coordenação de um novo acordo teria que incluir o governo dos EUA e há “perto de 0% de probabilidade de o Tesouro intervir agora para enfraquecer o dólar”, disse Viraj Patel, estrategista da Vanda Research. “Há uma quantidade enorme de estudos que mostram que ‘remar contra a maré’ no câmbio é inútil quando a política monetária está tendo o efeito oposto.”
Na quinta-feira, o Japão agiu por conta própria. Um funcionário do Tesouro americano confirmou que não participou e o Banco Central Europeu disse que não estava envolvido em intervenções no mercado de câmbio. Um porta-voz do Tesouro americano entendeu a medida, mas não chegou a endossá-la.
A depreciação de moedas, desde o euro até o won sul-coreano, piora ainda mais as pressões inflacionárias em todo o mundo.
A China, a segunda maior economia do mundo, continua a montar sua própria defesa contra o dólar, fixando taxas de câmbio mais fortes do que o esperado. E os bancos centrais em grande parte do mundo — com exceção do Japão — sobem juros para combater a alta dos preços ao consumidor e a depreciação do câmbio.
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