As apostas em 2022 dos gestores que mais ganharam com a eleição de 2018

Sentimento é de otimismo com o cenário para as ações brasileiras, mesmo em meio a um momento econômico completamente diferente de 2018

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Bloomberg — Os gestores de multimercado que se destacaram durante a última eleição presidencial brasileira estão posicionados em ações de concessionárias de serviços públicos às vésperas do pleito de outubro.

Marcos Peixoto e João Braga estão otimistas com o cenário para as ações brasileiras, em meio a um possível pico na taxa básica de juros, dados de atividade econômica acima do esperado e valuations historicamente baixos.

Os dois acreditam que o setor de utilities é particularmente atrativo. E suas apostas independem do vencedor da corrida ao Palácio do Planalto: não importa o próximo presidente, há espaço para ganhos, eles dizem.

Peixoto e Braga foram responsáveis pela gestão do XP Long Biased, da XP Asset Management, durante o período eleitoral de 2018, quando o fundo teve a melhor performance entre multimercados monitorados pela Bloomberg.

Peixoto segue na XP Asset, enquanto Braga deixou a empresa no meio da pandemia para abrir sua própria gestora, movimento também feito por outros executivos no breve período de Selic na mínima histórica.

Em entrevistas separadas, os investidores apontaram para os múltiplos baratos do mercado local, com a relação preço sobre lucro estimado para os próximos 12 meses do Ibovespa cerca de 42% abaixo da média histórica de dez anos. Muito desse desconto está atrelado à incerteza sobre o que a eleição - que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o incumbente Jair Bolsonaro como principais candidatos - pode trazer.

“O discurso pós-eleitoral pode ser o grande gatilho para a bolsa, independente de quem ganhe”, disse Peixoto.

A maior posição do XP Long Biased atualmente é no setor elétrico, com a visão de que o setor oferece proteção à volatilidade macroeconômica e valuations “extremamente descontados”, segundo Peixoto. Ele adiciona que alguns nomes negociam a uma taxa interna de retorno real acima de 10%.

Entre 15 de agosto e 30 de outubro de 2018, o XP Long Biased superou todos os seus pares graças a uma operação via derivativos, apostando que um dos candidatos sairia do primeiro turno com uma vantagem decisiva sobre o outro - com o pico da volatilidade ocorrendo antes da primeira votação. Bolsonaro obteve uma vantagem maior do que a esperada sobre Fernando Haddad e alimentou um rali nos ativos domésticos nas semanas que seguiram.

Atualmente, a diferença entre as volatilidades implícitas nas opções de Petrobras que vencem em outubro e nas com vencimento em novembro não é tão grande, removendo o apelo da operação que foi bem sucedida em 2018.

A última pesquisa Genial/Quaest mostra Lula liderando no primeiro turno com 44% das intenções de voto, ante 34% para Bolsonaro, enquanto o líder petista também segue à frente em um potencial segundo turno.

Braga, sócio-fundador da Encore Asset Management, tem um pouco menos de 25% do fundo no setor elétrico, incluindo ações de Equatorial, Energisa, Auren e Eletrobras.

“Estamos otimistas, mas não é necessário buscar nomes arriscados quando há muita coisa de qualidade e barata”, disse Braga. “Não é preciso ser herói.”

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