Bloomberg Línea — O Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano, em decisão divulgada na noite desta quarta-feira (21). O movimento era esperado pela maioria dos economistas diante das últimas leituras de deflação no país. Confira algumas opiniões divulgadas pelos especialistas após o anúncio do Copom (Comitê de Política Monetária):
Victor Candido, economista-chefe da RPS Capital
“Já vimos uma melhora nas expectativas de inflação de 2023 e entendemos que as expectativas de 2024, subindo no Focus, estão mais contaminadas por uma questão de prêmio de risco do que por inflação. A gente acredita que agora o remédio está dado, é uma questão de quanto tempo ele vai manter isso. Por quanto tempo os juros vão ficar lá em cima. Acreditamos que seguirão por pelo menos uns seis meses, ou seja, a gente vai ver provavelmente o primeiro corte de juro só em maio do ano que vem. Foi usada a expressão ‘suficientemente longo’ para manter. Então, na nossa opinião, vamos passar agora por um período de estabilidade. Vamos ter que analisar os dados. Vamos ter que ver a economia desacelerando. Vamos ter que vem inflação os núcleos de inflação também desacelerando para poder falar de algum corte”
Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos
“O cenário é positivo para a frente com a queda recente dos índices de inflação. Entretanto, a demanda interna e o aquecimento do mercado de trabalho podem atenuar a desinflação. Por isso, Copom deixou as portas abertas, em seu comunicado, para uma nova elevação futuramente, a depender também das elevadas incertezas no Brasil e no exterior.”
“Diferentemente do que vinha sendo precificado nas últimas semanas, o mercado agora espera que a taxa básica volte a recuar apenas em maio de 2023. E que permaneça próximo de 12% ao ano até o início de 2024.″
Bruno Viotto, economista e sócio da Acqua Vero Investimentos
“De maneira geral os mercados oscilaram muito hoje com a decisão do Fomc e do Copom. A Selic veio de acordo com o esperado, ficou em 13,75% por conta da inflação que vem arrefecendo. Além disso, o fim do ciclo de alta da taxa de juros é uma sinalização positiva, principalmente, para o setor de varejo. Não dá para afirmar que teremos altas consistentes no setor, mas agora o cenário muda para o varejo que é muito afetado quando os juros estão alto. Por fim, o encerramento do ciclo altista de juros traz para a bolsa de valores uma certa atratividade para o investidor que quer alocar na renda variável.”
Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura
“Em nossa visão, há dois grandes destaques na decisão: a frase em que o comitê deixa em aberto a possibilidade de voltar a ajustar a taxa de juros, se a desinflação não transcorrer como o esperado, e a dissidência de dois diretores, que optaram por uma alta de 0,25%. Apesar da decisão dentro do esperado, estes dois eventos nos levam a uma interpretação um pouco mais dura da decisão. Em nosso cenário, não antecipamos que o Copom volte a subir juros. Acreditamos que o sinal do texto é de evitar que o mercado precifique cortes prematuros na curva de juros e, com isso, ocorra um alívio nas condições financeiras atuais, frustrando os esforços recentes do comitê. Em nosso cenário, o Copom deve manter a Selic em 13,75% até o 2T23, pelo menos. Por fim, a decisão de hoje consolida a mudança na estratégia de política monetária do Copom, da postura de ‘subir os juros até a convergência da inflação à meta’ para a estratégia de ‘manter juros altos por período longo para garantir a convergência da inflação à meta.’”
João Beck, economista e sócio da BRA
“Tanto a decisão quanto o teor do comunicado foi o mais dentro do esperado de tantos outros no passado. Chegamos provavelmente a tão aguardada taxa terminal de juros no Brasil considerada cara e extremamente restritiva. Agora, começa outro debate que é o quanto tempo a economia precisará conviver com uma das maiores taxas de juros do mundo e o quanto isso impacta os cofres públicos e quanto precisaremos desacelerar a economia para vermos bons ventos à frente. A incerteza agora ronda sobre nossa capacidade de pagar a conta da desoneração e dos benefícios amplamente difundidos neste ano eleitoral.”
Felipe Miranda, CEO e estrategista-chefe da Empiricus
“A decisão marca o fim do ciclo de alta da Selic, o mercado estava bem dividido, entre uma expectativa predominante que apostava na manutenção de 13,75% e uma minoria que acreditava em um adicional de 0,25%. A manutenção pelos 13,75% veio exatamente com o que era esperado. Acreditamos que o início da queda dessa taxa deve acontecer somente no segundo semestre de 2023. Esses dados ressaltam a importância da finalização de ciclos, quando o mercado viu a possibilidade de não fechar um ciclo, isso fez preço. O fechamento de um ciclo é extremamente relevante para determinar os caminhos a serem seguidos. Falando de investimentos, eu gosto muito do pós-fixado, gosto do Tesouro Selic. Muitas vezes queremos sofisticar, fazer algo inovador, mas esse número de 13,75% é bastante alto, com liquidez diária, sem risco para o investidor. Também gosto muito do ‘pré meio da curva’, porque a inflação implícita está acima de 5%. Também é interessante um título de curva mais longa, o Tesouro IPCA, 2050.″
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