Bloomberg — A escassez de figurinhas para o álbum da Copa do Mundo na Argentina provocou uma comoção pública no país fanático por futebol e até forçou o governo a intervir dois meses antes do maior evento esportivo do ano.
As figurinhas, tradicionais há décadas nas Copas do Mundo, estão difíceis de encontrar em Buenos Aires. Na tarde de terça-feira (20), o secretário de Comércio da Argentina convocou a fabricante italiana Panini e um sindicato local de quiosques que vendem as figurinhas para chegar a um acordo.
A Panini diz que a demanda aumentou 40% em relação ao torneio passado, superando as expectativas e a produção da própria empresa, de acordo com o jornal argentino La Nación. O sindicato dos quiosques afirma que a Panini não está fornecendo um suprimento adequado.
A intervenção do governo — conhecido por sua abordagem pouco ortodoxa de questões como inflação e exportações — ilustra o nível do fanatismo por futebol no país. A obsessão dos argentinos pelas figurinhas tomou conta da mídia nos últimos dias, gerou comentários virais nas redes sociais e virou tema de discussões intermináveis em grupos do WhatsApp.
Muitos brincam que os pais que percorrem a cidade freneticamente com seus filhos para encontrar as figurinhas estão na verdade tentando completar seus próprios álbuns, que ficam mais difíceis a cada Copa.
Um artigo do La Nación com cálculos elaborados publicado esta semana estima que completar o álbum da Copa custa em média 133.500 pesos (US$ 923). Nos quiosques, um pacote de figurinhas é vendido ao preço sugerido de 150 pesos, ou cerca de US$ 1, mais barato do que no MercadoLivre, onde cada pacote sai por 530 pesos em combos de 10. Opções falsificadas do tipo “faça você mesmo” também estão em alta.
Apesar das tensões, alguns encaram a escassez com senso de humor. Um quiosque colocou um aviso em sua porta em nove idiomas reclamando que “não há figurinhas da Copa”, mas brincou em uma nota de rodapé que o país vizinho e rival no futebol não se classificou: “o Chile não está no álbum”.
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