Roubini prevê recessão longa e queda adicional de 40% nas ações

Economista que previu crise financeira de 2008 disse que quem espera recessão leve nos EUA deveria olhar para índices de endividamento de empresas e governos

Quando o mundo entrar em recessão, Roubini não espera grandes medidas de estímulo porque governos estão ficando sem munição fiscal
Por Natalia Kniazhevich
20 de Setembro, 2022 | 06:45 PM

Bloomberg — Nouriel Roubini, economista que ganhou notoriedade mundial por ter previsto e alertado para a crise financeira de 2008, espera uma recessão “longa e feia” nos Estados Unidas e no mundo no fim de 2022. Ela pode perdurar por todo o ano que vem, com uma correção acentuada no S&P 500, disse.

“Mesmo em uma recessão simples, o S&P 500 pode cair 30%”, disse Roubini, presidente e CEO da Roubini Macro Associates, em entrevista. Em “um verdadeiro pouso forçado” - o chamado hard landing -, como o que ele antecipa, o principal índice de ações americano pode cair 40%.

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Roubini, conhecido também como Dr. Apocalipe por suas previsões sombrias (ou realistas) disse que quem espera uma recessão leve nos EUA deveria olhar para os grandes índices de endividamento das corporações e do governos. À medida que os juros sobem e os custos de serviço de dívida aumentam, virão à tona instituições, corporações, bancos e países que não têm condições de aguentar o tranco.

Roubini, que avisou durante mercados de alta e de baixa que os níveis de dívida global em algum momento arrastarão as ações para baixo, disse que alcançar uma taxa de inflação de 2% sem um pouso forçado será uma “missão impossível” para o Federal Reserve.

Ele espera um aumento de juros de 0,75 ponto percentual nesta quarta-feira (21) e de 0,50 em novembro e dezembro. Isso levaria a taxa básica do Fed a uma faixa de 4% a 4,25%.

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No entanto, a inflação persistente, especialmente nos salários e no setor de serviços, fará com que o Fed “provavelmente não tenha escolha” a não ser subir mais, disse ele, com os juros chegando a 5%.

Além disso, choques negativos de oferta decorrentes da pandemia, da invasão da Ucrânia e da política Covid Zero da China trarão custos mais altos e menor crescimento econômico. Isso tornará difícil ficar só em uma “recessão de crescimento” — um período prolongado de crescimento muito baixo e aumento do desemprego para conter a inflação — como espera o Fed.

E quando o mundo entrar em recessão, Roubini não espera grandes medidas de estímulo porque os governos com muita dívida estão “ficando sem munição fiscal”. A inflação alta também significaria que “se você fizer estímulo fiscal, estará superaquecendo a demanda agregada”.

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Como isso, Roubini prevê uma estagflação como na década de 70 e um enorme endividamento como na crise financeira global.

“Não será uma recessão curta e superficial, será severa, longa e feia”, disse.

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