Número de milionários no Brasil vai mais que dobrar até 2026, prevê Credit Suisse

Serão 572 mil brasileiros com ao menos US$ 1 milhão até 2026, segundo novo estudo do banco suíço; no mundo, esse crescimento será de 40% no período

Vista aérea de um dos principais centros empresariais de São Paulo, cidade que concentra o número de milionários no país
Por Yoojung Lee
20 de Setembro, 2022 | 08:26 PM

Bloomberg — Crise global, alta dos juros, recessão econômica nos Estados Unidos? Nada disso impedirá que o número de milionários em todo o mundo cresça 40% nos próximos cinco anos, mesmo que as taxas de juros crescentes e a guerra da Rússia na Ucrânia estejam afetando classes de ativos e fortunas privadas neste ano.

No mundo, haverá em 2026 mais de 87,5 milhões de pessoas com pelo menos US$ 1 milhão em riqueza, acima dos 62,5 milhões em 2021, de acordo com o Global Wealth Report 2022 do Credit Suisse Group AG divulgado nesta terça-feira (20). O número crescerá mais rápido nas economias emergentes, com a China quase dobrando sua população milionária, mostram as previsões.

No Brasil, esse aumento será ainda maior: o número de milionários vai passar de 266 mil em 2021 para 572 mil em 2026, segundo o banco suíço, um crescimento de 115% em cinco anos.

Em paralelo às projeções de crescimento desse segmento de mercado, o banco suíço demitiu 21 profissionais de sua área de gestão de patrimônio no país, em decisão tomada para “fortalecer e simplificar o nosso modelo operacional”, segundo comunicado enviado à Bloomberg News.

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Embora as 500 pessoas mais ricas do mundo tenham perdido US$ 1,4 trilhão em fortuna acumulada na primeira metade do ano com a queda das ações nas bolsas globais, o Credit Suisse acredita que haverá uma rápida recuperação, especialmente para os mercados em desenvolvimento.

O banco de investimento suíço espera que a China continue criando muita riqueza, mesmo que sua economia esteja mostrando sinais de tensão em meio aos bloqueios e à repressão para conter o avanço da Covid em setores como tecnologia e imobiliário.

“Apesar da inflação e dos reveses da guerra Rússia-Ucrânia, acreditamos que a riqueza global total continuará a crescer”, apontou o relatório. “Esperamos que a riqueza das famílias na China continue a alcançar a dos Estados Unidos, avançando o equivalente a 14 anos nos EUA entre 2021 e 2026.”

O Credit Suisse prevê que as fortunas privadas aumentarão 36%, totalizando US$ 169 trilhões até 2026, com a riqueza por adulto subindo 28% globalmente e ultrapassando a marca de US$ 100.000 em 2024.

Número de milionários no Brasil vai mais do que dobrar até 2026 em relação ao patamar de 2021, prevê o Credit Suisse

O número de indivíduos considerados ultra-ricos, com patrimônio líquido acima de US$ 50 milhões, chegará a 385 mil pessoas.

Os mercados em desenvolvimento foram duramente atingidos durante a pandemia de Covid-19 e o crescimento da riqueza desacelerou. Mas eles ganharam força no ano passado e o Credit Suisse espera que diminuam a distância em relação ao mundo desenvolvido nos próximos cinco anos.

As fortunas subirão 10% ao ano nas economias emergentes, em comparação com um aumento de 4,2% nas nações de alta renda.

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Em 2021, as fortunas globais subiram 9,8%, para US$ 463,6 trilhões, em relação a 2020, registrando um aumento muito maior do que o registrado desde o início do século.

1% mais rico do mundo

O 1% mais rico possuía 46% de todos os bens domésticos, enquanto os 10% mais ricos dos adultos detinham 82% da riqueza global. Os EUA tiveram o maior número de indivíduos com patrimônio líquido na categoria “ultra high” – mais de 140 mil pessoas –, seguidos pela China, com 32.710.

“Houve uma redução na diferença entre países ricos e países menos ricos, principalmente porque os países de baixa e média renda estão crescendo a um ritmo mais rápido”, disse Anthony Shorrocks, economista do Credit Suisse e autor do relatório, durante entrevista coletiva.

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