Bolsonaro defende governo na ONU e pede fim das sanções à Rússia

Presidente disse ainda que trabalhou para ‘extirpar a corrupção sistêmica’ e defendeu reforma do Conselho de Segurança da ONU

Presidente Jair Bolsonaro fez discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU
20 de Setembro, 2022 | 03:53 PM

Bloomberg Línea — O presidente Jair Bolsonaro (PL) usou seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (20) para defender seu governo e elogiar a situação atual do Brasil.

O presidente disse que o Brasil “não poupou esforços” para combater a pandemia, que seu governo “vem implementando reformas para a atração de investimentos e melhoria das condições de vida de sua população” e que, “no meu governo, extirpamos a corrupção sistêmica que existia no país”.

O presidente brasileiro disse ainda que “a economia brasileira está em recuperação”.

No plano internacional, Bolsonaro pediu a suspensão das sanções econômicas impostas à Rússia por causa da invasão da Ucrânia. Para Bolsonaro, as sanções são “unilaterais e seletivas” e são “contrárias ao Direito Internacional”.

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“Essas medidas têm prejudicado a retomada da economia e afetado direitos humanos de populações vulneráveis, inclusive em países da própria Europa”, declarou. “A solução para o conflito na Ucrânia será alcançada somente pela negociação e pelo diálogo.”

Bolsonaro se considera próximo do presidente russo, Vladimir Putin. Em público, costuma agradecer a Putin por ele ter defendido a soberania brasileira sobre o território da Amazônia - segundo Bolsonaro, as grandes potências econômicas da Europa querem minar o controle brasileiro sobre a região para explorá-la, conforme já disse em alguns discursos.

O presidente do Brasil ainda disse que “uma reforma da ONU é essencial para encontrarmos a paz mundial”. “No caso específico do Conselho de Segurança, após 25 anos de debates, está claro que precisamos buscar soluções inovadoras”, completou.

No discurso, não deu mais detalhes. Em outras ocasiões, disse que as economias emergentes têm tido cada vez mais peso na economia mundial e, por isso, devem ter mais representatividade em organizações internacionais como a ONU e o FMI, conforme discurso na abertura da cúpula dos BRICs, em junho.

A fala de Bolsonaro na ONU nesta terça já rendeu pelo menos uma ação contra ele no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A defesa do candidato Ciro Gomes (PDT) pediu que o tribunal investigue a viagem do presidente a Londres para acompanhar o funeral da Rainha Elizabeth II e o discurso na Assembleia Geral da ONU. Os advogados afirmam que Bolsonaro usou os recursos e a estrutura a quem tem acesso por ser chefe de Estado para fazer campanha eleitoral, o que é ilegal.

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Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.