Meirelles declara apoio a Lula e mercado vê chance maior de governo pragmático

Real foi a moeda que mais se valorizou nesta segunda-feira após a declaração de apoio do ex-presidente do BC ao petista

'Sei o que funciona e o que pode funcionar no Brasil'
Por Simone Iglesias - Vinícius Andrade
19 de Setembro, 2022 | 07:24 PM

Bloomberg — O ex-ministro Henrique Meirelles, que foi o presidente do Banco Central entre 2003 e 2011 no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entrou oficialmente na campanha de seu ex-chefe.

Meirelles, de 77 anos, se juntou na segunda-feira (19) a um grupo de outros sete ex-candidatos presidenciais de vários partidos políticos que agora apoiam a candidatura de Lula antes das eleições de 2 de outubro.

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“Vi o resultado do seu governo [de Lula] e é por isso que estou aqui”, disse Meirelles no evento em São Paulo. “Sei o que funciona e o que pode funcionar no Brasil.”

Meirelles é um nome bem avaliado entre os investidores do mercado financeiro e é frequentemente citado como um integrante potencial do ministério de Lula caso o petista vença as eleições de outubro. Em entrevista à Bloomberg Línea, em agosto do ano passado, Meirelles negou que considerava ser vice do petista. Sobre a possibilidade de o ex-presidente Lula revogar o teto de gastos, Meirelles afirmou à época que o petista estava “mal assessorado”.

Além de ter sido presidente do Banco Central, Meirelles assumiu o cargo de ministro da Fazenda no governo de Michel Temer, em 2016, depois do impeachment de Dilma Rousseff e foi um dos responsáveis pela criação da regra do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas do governo federal à inflação.

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Os investidores reagiram de forma positiva à possibilidade de retorno de Meirelles a uma posição-chave do governo. O real liderou os ganhos entre as 16 principais moedas monitoradas pela Bloomberg nesta segunda-feira (19), e as taxas de swap caíram, com os contratos com vencimento em janeiro de 2027 caindo 18 pontos-base. A cotação do dólar caiu 1,60%, para R$ 5,17, e o Ibovespa subiu 2,33%, aos 111.823 pontos, acompanhando a alta em Nova York.

“A proximidade entre Lula e Meirelles ajuda a alimentar as expectativas de um Lula mais pragmático [na presidência] caso seja eleito no próximo mês”, disse Gustavo Brotto, diretor de investimentos da gestora Greenbay Investimentos. “Ainda assim, isso pode deixar mais espaço para decepção se Lula acabar escolhendo um nome menos favorável ao mercado para administrar a economia.”

Meirelles também criticou as políticas econômicas do atual presidente Jair Bolsonaro, descrevendo seu programa de transferência de renda como uma injeção de dinheiro público com viés eleitoral que criará problemas em 2023. “Estamos vendo o impacto da inflação desenfreada e dos gastos fiscais, o que corrói o padrão de vida da população.”

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Esforço de coalizão

Outros ex-candidatos presidenciais que apoiaram Lula incluem seu atual companheiro de chapa Geraldo Alckmin, a ex-candidata Marina Silva e políticos de esquerda como, Fernando Haddad e Guilherme Boulos, entre outros.

Lula disse que está se esforçando para formar uma ampla coalizão para obter uma vitória esmagadora. Um candidato precisa ter mais de 50% dos votos válidos para evitar um segundo turno, que aconteceria em 30 de outubro.

“Estou trabalhando para ganhar no primeiro turno”, disse Lula no evento, após receber o apoio do grupo.

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O ex-presidente viu sua intenção de voto no primeiro turno subir para 44%, de 41% em uma pesquisa do FSB/BTG divulgada na segunda-feira. Bolsonaro se manteve estável em 35%, mostrou a pesquisa.

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-- Com informações da Bloomberg Línea.

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