Bloomberg — Promotores sul-coreanos pediram ajuda à Interpol e a um alerta vermelho para prender Do Kwon, apontado como responsável principal pela destruição de valor da ordem de US$ 60 bilhões no mercado cripto com o colapso do seu projeto Terraform Labs, junto com a stablecoin TerraUSD, enquanto procuram acusá-lo de supostos crimes, incluindo violação das leis do mercado de capitais.
“Os promotores na segunda-feira fizeram um pedido à Interpol por sua ajuda para localizar Kwon, cujo paradeiro permanece desconhecido, e para entregá-lo à Coreia”, disse o escritório do promotor nesta segunda-feira (19) em uma mensagem de texto.
A Interpol normalmente emite um alerta vermelho solicitando assistência da aplicação da lei globalmente para fazer uma prisão depois de receber um pedido oficial de ajuda. Pode levar cerca de uma semana até que um aviso seja emitido.
Kwon havia se mudado da Coreia do Sul para Cingapura, onde seu projeto Terraform Labs, agora desmoronado, tinha uma base, mas a cidade-estado diz que ele não está mais lá. Kwon negou estar fugindo, mesmo que promotores em Seul estejam em busca de sua detenção e digam que ele está tentando evitar uma reparação financeira.
Houve “evidências circunstanciais de fuga” desde que ele partiu para Cingapura, e é por isso que um mandado de prisão foi emitido em primeiro lugar, disse a promotoria mais cedo.
A implosão da stablecoin algorítmica TerraUSD e seu token irmão Luna provocou enormes perdas nos mercados de criptomoedas, que já estavam sofrendo com o aperto da política monetária global.
Os ativos digitais ainda precisam se recuperar e os reguladores estão analisando os destroços nos mercados para avaliar como evitar uma repetição de casos assim. Na Coreia do Sul, o ardor anterior pelas criptomoedas está sendo usurpado pelo crescente desdém entre investidores.
Kwon twittou no fim de semana que ele “não tem nada a esconder” e que está em “total cooperação” com as autoridades, mas não revelou publicamente sua localização.
“Estamos no processo de nos defender em várias jurisdições – mantivemos um nível extremamente alto de integridade e esperamos esclarecer a verdade nos próximos meses”, disse ele também no Twitter.
No entanto, a agência de notícias Yonhap em um relatório citou os promotores dizendo que Kwon não está cooperando com as investigações. Ele também teria afirmado aos investigadores por meio de um advogado que não tem intenção de comparecer perante eles para um interrogatório.
Kwon enfrenta um pedido de prisão na Coreia do Sul junto com outras cinco pessoas relativo ao desfecho da cripto Terra. As autoridades poderiam cancelar seu passaporte, o que, em teoria, exigiria que ele retornasse a Seul dentro de 14 dias após o recebimento do aviso de revogação.
Ele tem um passe de emprego em Cingapura que deve expirar em 7 de dezembro e um pedido de outro passe está pendente, mostram os registros do governo.
A stablecoin TerraUSD, também conhecida como UST, desmoronou de sua cotação em relação ao dólar no início deste ano e derrubou o ecossistema que Kwon havia construído. Isso desencadeou investigações em lugares tão distantes quanto os Estados Unidos em meio ao escrutínio regulatório renovado de stablecoins – tokens que deveriam estar atrelados a um ativo como o dólar.
Enquanto isso, as empresas de cripto também estão acordando para a necessidade de um gerenciamento de risco muito mais rigoroso após uma série de implosões de plataformas e ativos, incluindo o Terra, o fundo hedge Three Arrows Capital e empresa de empréstimos cripto Celsius.
“As autoridades estão fazendo perguntas como: o quão expostas estavam as empresas a alguns desses players que caíram. E querem tomar medidas para garantir que o risco da contraparte seja abordado”, disse Sagar Sarbhai, chefe de soluções de negócios e consultoria da Fireblocks. ”As pessoas estão preocupadas que a criptomoeda possa ter um efeito de contágio.”
- Com assistência de Joanna Ossinger e Sunil Jagtiani
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
Conheça as 500 personalidades mais influentes da América Latina em 2022
Ethereum conclui atualização de software: veja o que acontece agora
