Focus: às vésperas do Copom, mercado reduz projeções para a inflação

Economistas consultados pelo BC veem IPCA de 6% neste ano, ante 6,40% anteriormente; estimativas para a Selic se mantiveram inalteradas

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Bloomberg Línea — Em semana de decisão de juros no Brasil, com reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na terça (20) e na quarta-feira (21), economistas de mercado revisaram para baixo suas projeções para a inflação neste e no próximo ano. É o que mostra o relatório Focus, divulgado na manhã desta segunda-feira (19) pelo Banco Central.

Agora, as expectativas apontam para uma alta de 6% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022, ante estimativa de 6,40% no levantamento anterior. Já para o próximo ano, as projeções foram reduzidas de 5,17% para alta de 5,01%.

Em agosto, a inflação medida pelo IPCA teve queda de 0,36% – a segunda deflação mensal consecutiva em razão de medidas como corte de impostos pelo governo e o Congresso. Em julho, a inflação havia variado negativamente em 0,68%. No ano, o índice acumula alta de 4,39% e, em 12 meses, de 8,73%.

No Focus desta semana não houve mudanças nas estimativas para a taxa básica de juros, a Selic. Os economistas consultados pela autoridade monetária seguem vendo uma manutenção dos juros na reunião desta semana, com a Selic encerrando o ano a 13,75% e caindo para 11,25% ao fim de 2023.

Confira os principais pontos de projeção do Focus desta semana:

Para 2022

  • Alta de 6% da inflação, contra 6,40% na última publicação;
  • Crescimento de 2,65% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 2,39% anteriormente;
  • Dólar a R$ 5,20, sem alterações;
  • Taxa Selic em 13,75% ao ano (sem alterações);

Para 2023

  • Alta de 5,01% da inflação, contra projeção de 5,17% anteriormente;
  • Crescimento do PIB de 0,50% (sem mudanças);
  • Dólar a R$ 5,20 (projeção inalterada);
  • Estimativa para a taxa Selic mantida em 11,25% ao ano;

Ainda não há consenso

Economistas de mercado, contudo, diferem com relação às expectativas para a decisão do Copom nesta semana.

Em nota, o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, estima uma manutenção da taxa básica na reunião do Copom desta semana. Ele não descarta, contudo, uma surpresa, com alta de 25 pontos base. “Na verdade, essa era a nossa projeção inicial para a reunião de setembro logo após a última reunião [de agosto]”, escreveu.

Dentre os fatores que contribuem para um viés mais altista nos juros, Perfeito cita as taxas elevadas nos Estados Unidos, que tendem a pressionar os juros no Brasil e o real, bem como uma queda ainda artificial da inflação, “atingida via medidas fiscais que podem ser revistas a qualquer momento”.

Já Gustavo Sung, economista-chefe da casa de análise Suno, prevê uma alta de 25 pontos base na Selic nesta quarta. “A manutenção no patamar de 13,75% não está descartada, mas vemos com menor probabilidade”, disse, em nota.

“Se a autoridade monetária não quiser perder de vista a convergência da inflação de médio prazo (2023-24), dar um ajuste residual agora pode ancorar melhor as expectativas”, completou.

A Suno estima o fim do ciclo de alta dos juros em 14% ao ano, com o Copom sinalizando que pode mudar de postura no futuro caso o cenário se deteriore. A casa estima cortes na taxa de juros apenas no segundo trimestre de 2023.

Assim como a Suno, o Credit Suisse também vê um aumento de 25 pontos base nesta semana, levando a Selic para 14% ao ano.

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