Bloomberg Línea — A duas semanas das eleições, a distância entre as intenções de voto no ex-presidente Lula (PT) e no presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a subir. Segundo pesquisa BTG/FSB divulgada nesta segunda-feira (19), Lula subiu de 41% para 44% das intenções em uma semana, enquanto Bolsonaro se manteve com 35%.
A alta do petista parece ter sido às custas da estagnação da chamada “terceira via” - os candidatos que não se identificam com nenhum dos líderes. Ela representa 19% das intenções de voto há uma semana e agora representam 14%.
Os maiores prejudicados foram Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). Ambos oscilaram dois pontos para baixo. Ciro agora tem 7% das intenções de voto e Simone Tebet, 5%.
A FSB calcula que os resultados desta semana ainda indicam a possibilidade de segundo turno: contando apenas os votos válidos, Lula tem 47% das intenções de voto (na semana passada, eram 44%) e Bolsonaro, 37%.
A pesquisa da FSB, feita por telefone, confirma a tendência mostrada pelo Datafolha, que faz pesquisas presenciais, na semana passada. Nas entrevistas presenciais, a distância entre Lula e Bolsonaro oscilou um ponto para cima, diante da queda nas intenções de voto no atual presidente.
Bolsonaro segue, no entanto, dizendo que é o candidato favorito nas eleições deste ano e que as pesquisas mentem. Em Londres, onde esteve durante o fim de semana para o funeral da rainha Elizabeth II, o presidente brasileiro disse, em entrevista ao SBT, que, se não tiver “60% dos votos, algo de errado está acontecendo no TSE [Tribunal Superior Eleitoral]”.
O presidente tem a mesma rejeição desde agosto, segundo a FSB. Conforme a pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 55% dos eleitores disseram que não votam nele “de jeito nenhum”. Há uma semana, a cifra era de 56%, mas se mantém em 55% pelo menos desde a pesquisa publicada em 22 de agosto.
Já Lula viu a rejeição cair de 47% para 45%, no limite da margem de erro, de dois pontos percentuais.
A desaprovação à forma de Bolsonaro governar também segue estável, em 55% dos eleitores. Outros 53% acham que o atual governo é ruim ou péssimo, cifra que também se mantém desde a semana passada - nas anteriores, era 54%.
Também piorou a percepção da economia, que vinha melhorando ao longo dos últimos meses. Segundo a pesquisa, caiu a quantidade de entrevistados que consideram que os preços das coisas aumentaram nos últimos três meses (77% para 74%, em uma semana), mas aumentou a cifra dos que acham que os preços vão subir até o final do ano (34% para 38% em duas semanas).
O Auxílio Brasil, que foi aumentado de R$ 400 para R$ 600 numa estratégia do governo de conquistar votos das pessoas de menor renda, parece não ter funcionado. A preferência por Lula caiu seis pontos entre os que recebem o benefício, versão bolsonarista do Bolsa Família. Mas 57% ainda declaram voto no petista.
Entre os que não recebem, mas moram com alguém que recebe, as intenções de voto em Lula cresceram de 48% para 58% em duas semanas.
A pesquisa ouviu duas mil pessoas por telefone entre os dias 16 e 18 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o índice de confiança é de 95%. O registro no TSE é BR-07560/2022.
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