Sem cinemas ou McDonald’s: Grã-Bretanha fecha para funeral real

Sob críticas, governo pediu que empresas liberassem funcionários que queriam tirar folga nesta segunda para se despedir da Rainha Elizabeth II

Reino Unido se prepara para o funeral da Rainha Elizabeth II, nesta segunda
Por Julian Harris
17 de Setembro, 2022 | 11:54 AM

Bloomberg — Sem escola, sem McDonald’s, sem filmes. Apesar do clima sombrio na Grã-Bretanha após a morte de Rainha Elizabeth II, a decisão de fechar grande parte da economia no dia de seu funeral atraiu críticas, zombaria online e, em alguns casos, confusão generalizada.

O governo do Reino Unido anunciou no fim de semana que a segunda-feira (19) seria um feriado nacional para “permitir que indivíduos, empresas e outras organizações prestassem seus respeitos” à rainha.

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As escolas foram fechadas, mas as empresas tiveram a liberdade de decidir se deveriam ou não permanecer abertas – embora os empregadores tenham sido “encorajados a responder com sensibilidade” aos pedidos de seus funcionários para tirar folga do trabalho.

A orientação apresentou um dilema para lojas, restaurantes, pubs e hotéis. Se fechassem para dar folga aos funcionários, corriam o risco de serem acusados de negar serviços básicos ao público. Permanecer aberto, no entanto, exigiria pessoal - algo ainda mais complicado diante da expectativa de que os funcionários não deveriam ser obrigados a trabalhar caso desejassem prestar seus respeitos à rainha.

Algumas empresas relutaram com o dilema e acabaram enfurecendo os clientes e sofreram uma onda de publicidade negativa. O Centre Parcs UK Group, que opera cinco resorts no Reino Unido, disse que fecharia nesta segunda-feira, o que significou que muitas famílias tiveram que interromper suas folgas e viajar para casa ou encontrar um hotel diferente.

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Após uma reação pública, o Center Parcs decidiu permitir que os visitantes ficassem, mas disse que eles teriam que permanecer em seus quartos - provocando outro clamor, até esclarecer que os clientes poderiam passear pelos parques e vilas de férias. As instalações ficaram fechadas.

Você precisa equilibrar as necessidades da equipe, as necessidades dos clientes e a percepção do público”, diz Simon Neville, diretor de estratégia de mídia da empresa de comunicação SEC Newgate. Após a morte da rainha, Neville diz que as empresas foram aconselhadas a “parar, respirar, se acalmar e pensar sobre as coisas. E parece que o Center Parcs não pensou.”

Muitos pubs permaneceriam abertos, mas a maioria das lojas decidiu fechar, exceto as filiais no centro de Londres, onde são esperadas grandes multidões.

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Muitas pessoas reunidas na capital viajariam de outras partes da Grã-Bretanha, levantando dúvidas sobre se a infraestrutura de transporte seria capaz de lidar com isso. As autoridades de Londres aconselharam as empresas a permanecerem abertas, principalmente restaurantes e bares.

A extensão da paralisação em todo o país é considerável e economistas esperam um impacto mais acentuado do Produto Interno Bruto do que o habitual.

“Feriados bancários extras, no passado, tenderam a reduzir o crescimento do PIB mensal entre meio e um ponto percentual”, disse Paul Dales na Capital Economics. “Como este é incomum, com talvez mais eventos e atividades sendo cancelados ou adiados, a queda pode ser a maior desse intervalo.”

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O McDonald’s fecharia todas as suas filiais até pelo menos 17h no horário local de Londres, enquanto a rede de cinemas Vue disse que suas salas, nesta segunda-feira, exibiriam apenas o funeral.

Consultórios médicos locais foram fechados, e muitas consultas hospitalares, adiadas, levando a reclamações dos pacientes. A British Cycling aconselhou as pessoas a não andarem de bicicleta durante as horas do funeral, antes de mudar de rumo ao ser ridicularizada nas mídias sociais.

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