Mercados no vermelho em dia de vencimento massivo de ativos

Se espera muita volatilidade e alto giro financeiro, já que várias classes de ativos vencem simultaneamente nos EUA e na Europa

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Barcelona, Espanha — (Esta nota atualiza e amplia a matéria publicada originalmente às 6h54)

Hoje a volatilidade será marca expressa nos mercados internacionais. É dia de Triple Witching em Wall Street e de Quadruple Witching na praça europeia, quando várias classes de ativos expiram simultaneamente. Trata-se de um evento trimestral (março, junho, setembro, dezembro) que ocorre na terceira sexta-feira de cada mês.

Quase todos os índices acionários tanto na Europa como nos Estados Unidos confirmam esse rumo volátil. Embora a trajetória seja majoritariamente de queda, no final da manhã, o índice britânico FTSE 100 revertia as perdas e apontava ligeira valorização, amparado na desaceleração da libra esterlina, que se mostra no menor nível ante o dólar desde 1985. Já o Stoxx 600 recuava quase 1%, assim como os futuros de ações em Nova York, que também caíam.

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O que move os mercados hoje:

🌪️ Mais volume, mais volatilidade. Nos Estados Unidos, o vencimento massivo envolve opções e futuros de índices. No Triple Witching é de se esperar que as oscilações sejam atípicas e que haja um grande giro financeiro em um curto espaço de tempo. Isto ocorre porque as carteiras que lastreiam estes ativos têm de ser liquidadas ou renovadas. Na Europa, a hora bruxa será quádrupla, pois compreende também os futuros sobre ações.

💆‍♂️ Nervos à flor da pele. Com mais giro financeiro e oscilações mais acentuadas, os investidores terão de controlar a ansiedade, sobretudo em um cenário de contradição dos dados macroeconômicos. O mercado se mantém alerta à possibilidade, detonada pela inflação ao consumidor ainda persistente nos EUA, de um choque de juros mais forte pelo Federal Reserve (Fed). O mercado já aventa a possibilidade de uma alta maior dos juros norte-americanos, de 1 ponto percentual completo, em vez de 0,75 ponto.

Essa estratégia global de elevar juros para conter a inflação pode levar o mundo a uma recessão no ano que vem. O Banco Mundial projetou em seu relatório ontem que o PIB global deve desacelerar de 0,5% para 0,4% em 2023, arrastado pelo enfraquecimento das economias.

💪🏽 De um lado... Os dados macroeconômicos jogam uma verdadeira nuvem de fumaça nas análises sobre o mercado norte-americano. Do lado positivo, temos boas surpresas com as vendas no varejo (de +0,3% em agosto, frente aos -0,4% de julho) e dos dados sobre seguro-desemprego. A pesquisa de produção do Empire State para setembro subiu para -1,5, bem melhor que os -12,9 projetados, recuperando-se de seu pior mês desde a pandemia de Covid.

🤯 ... E de outro. A má notícia fica com a produção industrial (-0,2% em agosto, abaixo do esperado e contra +0,5% do mês anterior) e o Índice de Atividade do Fed de Filadélfia (baixou com força: -9,9 em setembro, frente aos +2,3 esperados e os +6,2% da leitura anterior).

🇪🇺 Inflação alta. Na Zona do Euro, a inflação mostrou ainda estar aquecida. O IPC do mês de agosto ficou em 9,1%, dentro das expectativas mas acima da taxa de 8,9% verificada em julho. Em 2021, a taxa anualizada no mesmo período havia sido de 3%.

🇨🇳 Surpresa. A China acenou com números positivos sobre a sua economia, a despeito de sua política restritiva para conter o Covid e as tensões com Taiwan. A produção industrial do país se expandiu 4,2% em agosto, acima da projeção 3,8%, e as vendas no varejo avançaram 5,4%, bem além das estimativas de 3,3%.

🤒 Em estado febril. Do lado microeconômico, a FedEx Corp. suspendeu sua previsão de lucros com o agravamento das condições comerciais, mostrando um sinal preocupante sobre os efeitos da inflação e dos juros mais altos sobre a economia real. O gigante de entregas mencionou a debilidade da economia da Ásia e os desafios na Europa. Também informou resultados preliminares para o balanço do último trimestre, que ficaram bem aquém das expectativas de Wall Street. A empresa alertou que as condições podem se deteriorar ainda mais no período atual.

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (-0,56%), S&P 500 (-1,13%), Nasdaq Composite (-1,43%), Stoxx 600 (-0,65%), Ibovespa (-0,54%)

Os investidores dobraram as apostas em um aumento ainda mais forte da taxa de juros dos EUA após novos dados mostrarem que a atividade segue aquecida. As vendas no varejo subiram inesperadamente em agosto e os pedidos de seguro-desemprego recuaram pela quinta semana seguida. Esse comportamento leva o mercado a prever que o Fed precisará ser ainda mais contundente na próxima semana para domar a inflação.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Feriado: México

EUA: Sentimento do Consumidor - Universidade de Michigan/Set, Projeção de Vendas no Varejo/Ago

Europa: Zona do Euro (IPC/Ago), Reino Unido (Vendas no Varejo/Ago, Boletim Trimestral do BoE); Alemanha, França, Reino Unido e Itália (Licenciamento de Veículos/Jul); Itália (IPC/Ago, Balança Comercial/Jul)

América Latina: Brasil (IGP-10/Set, IBC-Br/Jul); Colômbia (Produção Industrial/Jul, Vendas no Varejo/Jul, Balança Comercial/Jul)

Bancos centrais: Christine Lagarde (presidente do BCE), François Villeroy e Olli Rehn, também do BCE

(Colaborou Bianca Ribeiro. Com informações da Bloomberg News)