Bilionário indiano ultrapassa Jeff Bezos como a segunda pessoa mais rica do mundo

Esta é a primeira vez que alguém da Ásia aparece tão bem posicionado nos índices de riqueza, dominado por empreendedores de tecnologia dos EUA

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Bloomberg — Gautam Adani, magnata indiano que avançou no ranking de riqueza em uma velocidade vertiginosa este ano, ultrapassou Jeff Bezos, fundador da Amazon (AMZN), e se tornou a segunda pessoa mais rica do mundo.

Adani, que começou o ano como número 14 no Bloomberg Billionaires Index, agora tem uma fortuna avaliada em US$ 146,8 bilhões, atrás apenas de Elon Musk, da Tesla (TSLA), com riqueza estimada em US$ 263,9 bilhões. As ações da Adani Enterprises alcançaram um novo patamar recorde esta semana, enquanto algumas das outras empresas do grupo subiram mais de 1.000% desde 2020.

O patrimônio líquido de Bezos chegou a cair para US$ 145,8 bilhões às 10h38 desta sexta-feira, no horário de Nova York, seguindo a venda em massa de papeis do setor de tecnologia. O valor se recuperou ao longo do dia e fechou o pregão em US$ 146,8 bilhões. Bezos está atrás de Adani por apenas US$ 19 milhões. A mudança nos rankings de riqueza pode ser passageira e depende em grande parte das ações da Amazon, que acumulam queda de mais de 26% este ano.

Em fevereiro, Adani havia ultrapassado pela primeira vez Mukesh Ambani, também da Índia, como a pessoa mais rica da Ásia. Em abril ele se tornou um centibilionário e ultrapassou Bill Gates e Bernard Arnault, da França, há dois meses. É a primeira vez que alguém da Ásia aparece tão bem nas posições mais altas do índice de riqueza, que tem sido dominado por empreendedores de tecnologia dos EUA.

O magnata de 60 anos abandonou a faculdade para tentar a sorte na indústria de diamantes de Mumbai no início dos anos 80, antes de se dedicar à indústria de carvão e aos portos. Desde então, seu conglomerado se expandiu de todas as formas, de aeroportos a data centers, cimento, mídia e energia verde, concentrando-se em áreas que o primeiro-ministro do país, Narendra Modi, considera cruciais para atingir as metas econômicas de longo prazo da Índia.

A maior operadora de portos e aeroportos do setor privado do país, distribuidora de gás da cidade e mineradora de carvão fazem parte do império de Adani, que também pretende se tornar o maior produtor mundial de energia renovável. No ano passado, ele prometeu investir US$ 70 bilhões em energia verde, o que foi criticado por alguns como greenwashing, já que grande parte da receita de seu grupo ainda vem de combustíveis fósseis.

A investida em energias renováveis e infraestrutura rendeu à Adani investimentos em empresas como a Warburg Pincus e a TotalEnergies, o que o ajudou a aumentar as ações de suas empresas e também sua fortuna pessoal. Este ano, ele adicionou cerca de US$ 70 bilhões à sua riqueza – mais do que qualquer outra pessoa – enquanto muitos tiveram perdas.

A rápida expansão do conglomerado de Adani levou a CreditSights, da Fitch Ratings, a descrever algumas das alavancagens das empresas como “elevadas” em um relatório de setembro deste ano. De acordo com o relatório, as empresas do grupo reduziram os níveis de dívida nos últimos anos.

O escrutínio aumentou as preocupações já existentes sobre as estruturas opacas dos acionistas e a falta de cobertura de analistas. Algumas empresas do Grupo Adani foram negociadas a 700 vezes os lucros, superando em muito empresas como Tesla e Amazon, cujas avaliações chegaram perto de 100 vezes.

A ascensão de Adani coincide com uma venda de tecnologia que eliminou mais de US$ 45 bilhões da fortuna de Bezos desde janeiro. O patrimônio líquido do fundador da Amazon – por anos a pessoa mais rica do mundo – também caiu significativamente após se divorciar em 2019 da ex-mulher MacKenzie Scott, que teve direito a uma fatia de 4% da gigante de tecnologia.

O magnata indiano, que prometeu doar US$ 7,7 bilhões para causas sociais, também conseguiu subir no ranking de riqueza porque muitos dos empreendedores de tecnologia no topo aumentaram suas doações para caridade.

Bezos comprometeu US$ 10 bilhões para combater as mudanças climáticas e doou dinheiro para o Smithsonian National Air and Space Museum.

Gates e Warren Buffett, alguns dos principais filantropos do mundo, fundaram o Giving Pledge em 2010 para ajudar a diminuir a crescente desigualdade global. O cofundador da Microsoft (MSFT) disse em julho que iria transferir US$ 20 bilhões para a Fundação Bill & Melinda Gates, que também recebeu mais de US$ 35 bilhões de Buffett.

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