EXCLUSIVO: O que a vitória de Lula ou Bolsonaro significaria para as estatais?

A cerca de duas semanas para as eleições, tema foi discutido durante painel do Bloomberg Línea Summit nesta quarta-feira (14), em São Paulo

Da direita para a esquerda, Karina Saade (BlackRock), Silvio Cascione (Eurasia) e Marcus Vinicius Gonçalves (Franklin Templeton)
14 de Setembro, 2022 | 10:39 AM

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Bloomberg Línea — Apesar de o cenário externo ter ditado o rumo dos mercados nos últimos meses, a proximidade da eleição presidencial deve trazer mais incerteza para investidores, que se questionam como ficarão os ativos depois de outubro.

De acordo com Silvio Cascione, diretor da Eurasia no Brasil, apesar de a volatilidade ter sido menor do que a vista em eleições passadas, daqui até o final de outubro o espaço para algum tipo de movimento é grande.

Durante painel do Bloomberg Línea Summit, realizado nesta quarta-feira (14), no hotel Rosewood, em São Paulo, Cascione afirmou que há risco de um incidente parecido com o que houve nos Estados Unidos – a invasão no Capitólio, em janeiro de 2021 – por aqui. “Não deve haver uma greve nacional, mas há um caldo que permite que esse tipo de acontecimento”, disse, referindo-se à uma possível paralisação dos caminhoneiros.

A Eurasia estima hoje uma probabilidade de 65% de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o presidente Jair Bolsonaro com 35% de chance de vitória em um segundo turno.

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Cascione destacou os diferentes papéis que as empresas estatais podem vir a desempenhar a depender do resultado das urnas.

No caso de um segundo mandato de Bolsonaro, o especialista avalia que seria seguida a agenda promovida pelo ministro Paulo Guedes, isto é, de colocar à venda o máximo possível de estatais.

“A Petrobras (PETR3; PETR4) seria o carro-chefe, focando em sua atividade mais lucrativa e maximizando o pagamento de dividendos”, disse.

Caso Lula seja eleito, contudo, a estratégia seria a deixar as estatais com papel relevante na indução do crescimento econômico, destaca, ganhando espaço, inclusive, no mercado de atuação da Eletrobras (ELET6), vendida este ano.

“A Petrobras assumiria um papel importante não só no setor de óleo e gás, mas os petistas têm dado um recado de que ela atuaria também em setores nos quais a Eletrobras tem atuação, como renováveis”, disse. Esse movimento, segundo ele, significaria menos dividendos e mais foco no longo prazo.

Cenário para investimentos

Independentemente do resultado das urnas, o cenário atual de maior tensão geopolítica, juros e inflação elevados exigem uma maior diversificação do portfólio, defendeu Marcus Vinicius Gonçalves, diretor presidente da Franklin Templeton no Brasil, que também participou do evento.

“Vamos ter que olhar formas alternativas de investimento ao mercado tradicional. A diversificação tende a ser ainda mais importante.”

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Karina Saade, head da BlackRock Brasil, chamou a atenção para a forte volatilidade, “que veio para ficar”, impulsionada pelo fato de que os bancos centrais têm cada vez menos ferramentas disponíveis para reduzir a inflação sem comprometer o crescimento econômico.

“Teremos ciclos econômicos maiores, com mais volatilidade, em que toda vez que houver aumento de crescimento, este será acompanhado por uma inflação, e aí os BCs terão que colocar o pé no freio”, afirmou.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.