JPMorgan vê janela para retomada das ofertas de ações em janeiro

Pedro Juliano, head de investment banking do banco americano, acredita que a inflação em queda no próximo ano possa reavivar ofertas primárias e secundárias

Por

Bloomberg Línea — Nenhuma empresa no Brasil fez IPO (oferta pública inicial) no primeiro semestre deste ano. Apenas a empresa de tecnologia Semantix (STIX) foi à Nasdaq por meio de uma fusão com o veículo SPAC Alpha Capital recentemente.

Mas depois de uma seca de estreias na bolsa como consequência da alta taxa de juros, o líder de investment banking da JPMorgan, Pedro Juliano, vê ofertas subsequentes (follow-ons) voltando a acontecer nos Estados Unidos no início do próximo ano. E ele acredita que os IPOs devem voltar na sequência com o mercado americano puxando o retorno.

“Este ano não foi um ano ruim só para os IPOs do Brasil. Na Europa, Estados Unidos, Ásia, houve um freio muito grande. Mas com a inflação mais em queda no ano que vem a atividade [de IPOs] vai impactar positivamente o Brasil”, disse Juliano durante o painel “Nova era para startups e VCs na América Latina” no Bloomberg Línea Summit realizado nesta quarta-feira (14) em São Paulo.

Falando no mesmo painel, Rodrigo Catunda, diretor geral e co-head de Brasil da General Atlantic, tem uma visão positiva e vê o Brasil “muito bem posicionado” no mercado global.

“Mercados desenvolvidos não sabem operar com inflação alta”, disse, ao afirmar que devido às questões regulatórias da China e a guerra na Rússia, a alocação de capital em mercados emergentes deverá ser direcionada ao Brasil.

“[A seca dos IPOs] é muito mais uma questão externa do que eleição. A partir do momento que a gente sabe quem vai ser o presidente, acho que a janela [de ofertas públicas] se abre”.

Em um momento em que os investimentos em capital de risco na América Latina caíram cerca de 19% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período no ano passado, de acordo com dados da LAVCA (Associação Para Investimento em Capital Privado na América Latina), Catunda disse que General Atlantic (empresa de growth equity global) mudou a mentalidade de investimento voltando a olhar mais o mercado público de ações em detrimento do mercado privado.

“A gente investiu em companhias que a gente gosta com múltiplos baixos, e do lado privado sempre demora um pouco mais para se ajustar [o valuation]. As crises duram de um ano e meio a três anos. Acredito que vamos ter um período de um ano de ajustes no mercado privado, mas em um ano e meio, dois, estará melhor. O ciclo de juros vai diminuir e o mercado volta”, disse Catunda.

Leia também:

EXCLUSIVO: O que a vitória de Lula ou Bolsonaro significaria para as estatais?