Bloomberg — Mark Mobius, o investidor veterano em mercados emergentes, está com o dedo no gatilho para comprar mais ações brasileiras caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vença a eleição presidencial no próximo mês e assuma o poder em uma transição pacífica.
Para Mobius, é a segunda das duas variáveis que mais importa: dado que Lula possui uma vantagem confortável sobre o presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de opinião, o risco seria o incumbente contestar o resultado num movimento similar ao que levou a protestos e invasão do Capitólio nos Estados Unidos em janeiro do ano passado.
E, embora este não seja o cenário base, Mobius diz que é um risco de cauda suficientemente razoável para impedir que ele aumente por ora suas apostas no país, que se mantiveram relativamente inalteradas nos últimos meses.
Bolsonaro, que lançou dúvida sobre o sistema eletrônico de voto no passado, tem dito que aceitará os resultados – “desde que a eleição seja limpa”.
“Se a eleição correr bem e Lula assumir, então provavelmente vamos buscar aumentar algumas de nossas posições”, disse Mobius, 86, que deixou a Franklin Templeton Investments em 2018 para criar a Mobius Capital Partners.
“Não é só por Lula, mas porque uma transição de poder estável seria uma boa notícia.”
As ações brasileiras podem se beneficiar de um potencial pico no ciclo de aperto monetário do Banco Central e do fato de que o país está bem posicionado para ganhar com a reorganização das cadeias produtivas globais, de acordo com Mobius.
Mesmo após a recuperação neste ano, o Ibovespa ainda negocia a 6,5 vezes o lucro estimado para os próximos 12 meses, ante uma média histórica de 10 anos de 11,5 vezes.
O Brasil está “isolado” dos problemas enfrentados pela Europa e possui “muitos dos recursos que as pessoas querem”, Mobius disse em entrevista, adicionando que Lula deve adotar medidas para estimular o consumo.
Às vésperas da eleição, Mobius tem favorecido empresas de software, com a Totvs (TOTS3) sendo uma das suas maiores posições.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também:
Inflação eleva desigualdade na América Latina e instabilidade política cresce