Ethereum: entenda a atualização esperada que pode revolucionar o mundo cripto

Considerada a mudança mais relevante de sua história, The Merge pode ser um marco para a Ethereum e para o setor de cripto

Atualização deve tornar a rede mais dinâmica e suportar mais transações por segundo
14 de Setembro, 2022 | 07:27 PM

Bloomberg Línea — A Ethereum, considerada a segunda rede de criptomoedas mais popular do mundo, vai entrar em uma nova fase e dar adeus à mineração tradicional, colocando o mundo cripto em rebuliço.

A atualização de software da Ethereum, conhecida como The Merge, não só poderia trazer maior estabilidade aos sistemas mas também maior eficiência energética e operacional, o que poderia se traduzir em taxas mais baixas à medida que aumenta o número de stakehoders - detentores da criptomoeda que recebem recompensas em ether (ETH) por validar a rede.

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A atualização, programada para o fim desta semana, possivelmente nesta quinta-feira (14), também deve tornar a rede Ethereum mais dinâmica e permitir mais transações por segundo.

Mas “algo muito importante é que a atualização da ETH 2.0 não tem data específica; isso porque ainda depende da potência de mineração da rede”.

Se os mineradores se desconectarem, a atualização será postergada, pois será necessário mais energia de mineração para alcançar o bloco da atualização”, explicou Camilo Rodriguez, consultor de investimento em criptoativos na CR Academia, à Bloomberg Línea.

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E embora ele tenha observado que os usuários ainda poderão fazer transações sem problemas entre as partes porque a rede continuará funcionando sem problemas, pode haver casos em que as casas de câmbio centralizadas terão seus depósitos e saques suspensos durante a atualização.

Desde seu início, a ETH é executada com um sistema de segurança com gasto intensivo de energia devido às placas GPU com a função de proteger as transações entre as partes antes que elas sejam registradas no blockchain. O novo modelo de validação de transações não tem um consumo tão agressivo de energia quanto o das placas GPU

Camilo Rodríguez, da CR Academia

Em termos práticos, com esta atualização, o Etherum passará de um mecanismo de consenso conhecido como Proof of Work (PoW) para um chamado Proof of Stake (PoS).

O primeiro esquema, que hoje também é usado pelo bitcoin (BTC), tem como base um tipo de concorrência na qual os chamados mineradores tentam resolver problemas matemáticos complexos com suas máquinas para criar novas criptomoedas.

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O outro mecanismo não se baseia na mineração, mas em um processo que chamado staking, “através do qual os participantes se tornam validadores, deixando uma certa quantidade de tokens bloqueada na rede”, como explicado pela exchange de criptomoedas Buda.

“Os mecanismos de consenso referem-se a como decidir o próximo bloco que irá compor a cadeia e demonstrar que de fato os participantes do processo são válidos”, detalha.

A atualização é fundamental para o futuro do ETH – moeda gerada a partir do protocolo da Ethereum, criado pelo programador russo Vitalik Buterin.

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Vitalik Buterin: co-fundador da Fundação Ethereum e da Bitcoin Magazine

As expectativas sobre a fusão são altas na medida em que ela poderia catapultar a expansão do ETH sob uma infraestrutura mais ambientalmente sustentável, estável e segura.

Esse mecanismo de consenso de Proof of Stake (PoS) poderia libertar a rede da Ethereum de ataques a 51%, como é chamado um tipo de hacking por meio do qual se obtém a maior parte do controle da potência de mineração.

Ao contrário do atual mecanismo de consenso, o novo não usa eletricidade para processar transações. Em vez disso, como explica a Buda, “ele coordena com outra rede, usando a participação nela por meio do staking”.

Para Camilo Rodriguez da CR Academia, a pegada de carbono produzida pela ETH diminuirá “agressivamente”, pois “agora o modelo de validação requer nós validadores”. Cada um desses nós tem 32 ETH e um blockchain para registrar as transações validadas pelo consentimento de todos os nós da rede.

“Do ponto de vista financeiro, vale ressaltar que será necessário um grande número de nós para manter a rede descentralizada. Além disso, estes receberão incentivos para não mover seus ativos”, acrescentou.

Buda resume que “esta é sem dúvida a atualização mais importante que aconteceu na Ethereum em toda sua história, tanto no nível técnico quanto no prático, pois abre caminho para que a rede continue evoluindo. Leve em consideração que a maioria das DeFi (finanças descentralizadas) e NFTs funcionam na Ethereum, portanto, a mudança será significativa para grande parte do ecossistema cripto”.

A The Merge será fundamental para a infraestrutura da Ethereum e poderá evitar interrupções na rede, enquanto o preço do ETH deve ficar em torno de US$ 1.711 até o final do ano, bem abaixo da previsão anterior de US$ 5.783, de acordo com o último relatório de projeções da empresa de pesquisa em tecnologia blockchain Finder.

Mesmo assim, um painel da Finder com especialistas em tecnologia financeira e criptomoedas acredita que o ETH poderia alcançar um novo recorde histórico de US$ 5.739 em 2025 e valer US$ 14 mil em 2030.

Segundo a Finder, 43% dos entrevistados acreditam que agora é um bom momento para comprar ETH, com 41% optando por manter a moeda e 16% optando por vendê-la.

Para o diretor e professor da Universidade de Tecnologia de Swinburne Dr. Dimitrios Salampasis, os benefícios da atualização The Merge poderiam se refletir no início de 2023, embora “a Ethereum ainda precise inovar para garantir um diferencial em relação a seus concorrentes, principalmente Algorand e Solana”.

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Daniel Salazar

Profissional de comunicação e jornalista com ênfase em economia e finanças. Participou do programa de jornalismo econômico da agência Efe, da Universidad Externado, do Banco Santander e da Universia. Ex-editor de negócios da Revista Dinero e da Mesa América da Efe.