Wall Street já prevê alta de até 1 ponto percentual pelo Fed na próxima semana

Para combater a forte pressão inflacionária, economistas se questionam se o BC americano terá que ser mais agressivo no aperto monetário

Economistas monitoram dados de inflação de agosto nos EUA antes da reunião de política monetária na próxima semana
Por Emily Graffeo - Liz Capo McCormick
13 de Setembro, 2022 | 07:07 PM

Bloomberg — A leitura inesperadamente alta da inflação de agosto nos Estados Unidos nesta terça-feira (13) praticamente garantiu aos mercados que o Federal Reserve aumentará as taxas de juros em 75 pontos base na próxima semana. Wall Street então começou a pesar a chance de que o Fed possa fazer uma decisão mais agressiva.

As chances de uma alta de 100 pontos base aumentaram mais de 20% depois que o índice de preços ao consumidor mostrou um aumento acima do esperado no mês passado. Com as esperanças de um “pivô do Fed” firmemente frustradas, o índice S&P 500 afundou 4,32% nesta terça, enquanto o Nasdaq 100 caiu mais de 5%.

A maior parte dos economistas e analistas do mercado duvidava que dados mais fortes de inflação afastariam o banco central americano de aumentar as taxas em um valor não visto desde 1984 em sua próxima reunião.

“O Fed vai querer seguir o que o mercado espera, que é um movimento de 75 pontos base – então é isso que o Fed fará”, disse Tom Di Galoma, diretor administrativo da Seaport Global.

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Nesta terça (13), contudo, os economistas do banco de investimento japonês Nomura mudaram sua previsão para a reunião do Fed de setembro, de um aumento de 75 para 100 pontos base, escrevendo que “será necessário um caminho mais agressivo de aumentos das taxas de juros para combater a inflação cada vez mais arraigada”.

Larry Summers, ex-secretário do Tesouro e presidente da Universidade de Harvard, twittou que, se fosse um funcionário do Fed, escolheria “um movimento de 100 pontos base para reforçar a credibilidade”.

E Scott Buchta, chefe de estratégia de renda fixa da Brean Capital, disse que se o Fed precisar aumentar as taxas de forma acentuada, seria melhor fazê-lo rapidamente para “acabar logo com isso”. “[Um aumento de] 75 pontos base é o mais provável, mas eles deveriam fazer de 100″, disse.

Ações americanas caem após dados de inflação acima do que o esperado

Confira a avaliação de outros estrategistas de Wall Street:

Steve Sosnick, estrategista-chefe da Interactive Brokers:

“Os mercados odiariam. Apenas alguns dias atrás, estávamos debatendo se 50 ou 75 pontos base seriam suficientes”, disse ele. “100 bp seria percebido como um movimento de pânico.”

Andrew Lekas, chefe de negociação de FICC na Old Mission Capital:

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“Estranhamente, acho que o mercado pode se recuperar”, disse. “Eles querem que o Fed leve as coisas a sério na frente da inflação, e quanto mais cedo chegarmos ao fim desses aumentos, melhor.”

“A reação automática é provavelmente uma queda em todos os ativos de risco, e há o óbvio impacto de financiamento em quem está usando alavancagem, mas para a saúde de médio prazo do mercado, acho que 100 [ponto base] podem fazer sentido.”

Steven Englander, chefe de pesquisa de moeda do Grupo dos 10 da Standard Charter:

“Se você está no Fomc e acredita que o mercado precisa de choque para reduzir as expectativas de inflação, então talvez você defenda 100bps. Acho que é mais sensato para o Comitê dizer ‘podemos continuar aumentando as taxas o quanto for necessário, mas não precisamos fazê-lo de uma só vez’.”

Ian Shepherdson, economista-chefe da Pantheon Macroeconomics:

“Onze funcionários do Fed deixaram bem claro que não vão diminuir o ritmo dos aumentos das taxas até que vejam evidências convincentes de que a pressão do núcleo da inflação está diminuindo. Esses dados significam que a chance de uma alta de 50 pontos base na próxima semana se foi”, disse ele. “Mas a chance de 20% de uma alta de 100 pontos base agora precificada parece exagerada.”

Kate Moore, chefe de estratégia temática para alocação global da BlackRock:

“Nós não mudamos nossa aposta (de 75bp), mas acho que é realmente sábio ajustar as expectativas em torno dos próximos passos, principalmente para o final do ano”, disse. “O fato de que 100 bps está começando a ficar precificado no mercado, é um pouco desestabilizador para o mercado de ações.”

Nisha Patel, diretora e gestora de portfólio de renda fixa da Parametric:

“Não se surpreenda se a mão do Fed for forçada a fazer 100bps. A ideia de que a inflação atingiu o pico foi dissipada e agora a probabilidade desse ‘pouso suave’ para a economia só diminuiu. Espere que os rendimentos dos títulos longos provavelmente caiam antes da reunião de setembro, à medida que o risco de recessão aumenta.”

Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Global Investors:

“Até que o Fed possa domar essa fera, simplesmente não há espaço para uma discussão sobre pivôs ou pausas.”

-- Com a colaboração de Isabelle Lee, Natalia Kniazhevich, Edward Bolingbroke e Patrick McHale

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