Goldman Sachs vê continuidade da política de ‘zero covid’ na China

Medidas devem continuar à medida que país se prepara para reunião dos principais líderes, na qual Xi Jinping deve garantir um 3º mandato

Uma residente faz um teste de PCR em uma cabine de testes contra a Covid-19 em Pequim, na China
Por Emma O'Brien e Linda Lew
13 de Setembro, 2022 | 02:45 PM

Bloomberg — O Goldman Sachs espera que a política de tolerância zero da China em relação à covid-19 permaneça depois de uma importante reunião do Partido Comunista no próximo mês.

Segundo os economistas do banco, a estabilidade será a narrativa predominante na preparação para a reunião dos principais líderes da China, na qual o presidente Xi Jinping deve garantir um terceiro mandato que quebrará precedentes.

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É por isso que as medidas de contenção da covid, principalmente em torno da capital, foram intensificadas nos últimos dias, disseram profissionais do Goldman incluindo o economista-chefe para China, Hui Shan, em relatório publicado nesta terça-feira (13).

Foi o caso, por exemplo, de áreas próximas a Pequim que foram colocadas em lockdown, bem como a intensificação das regras de testagem do vírus e desencorajamento de viagens domésticas no próximo mês.

A cúpula, que ocorre uma vez a cada cinco anos, se concentrará principalmente em reorganizar a liderança do partido, segundo o Goldman. A política de zero covid – estratégia contínua da China de conter o vírus com bloqueios, testes em massa e controles de fronteira –, por sua vez, não deve ser mudada antes do Congresso Nacional do Povo, que deve ocorrer em algum momento do primeiro semestre de 2023.

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Observadores da China têm diminuído lentamente as expectativas para o desmantelamento da política de zero covid, com Xi enfatizando seu compromisso com a abordagem nos últimos meses e autoridades impondo mais bloqueios neste ano do que em qualquer outro momento durante a pandemia.

Enquanto países como Cingapura e Nova Zelândia costumavam buscar a eliminação do vírus, eles passaram a conviver com ele, como os Estados Unidos e a Europa, deixando a China cada vez mais isolada, pois continua priorizando a prevenção de mortes a qualquer custo.

Estratégia disruptiva

Alguns especialistas veem a China persistindo com a estratégia disruptiva a longo prazo, dadas as baixas taxas de vacinação entre os mais velhos e as inoculações menos eficazes.

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Na segunda-feira (12), a China registrou 915 novos casos de covid, chegando a menos de 1.000 infecções pelo segundo dia. Isso incluiu 16 casos em Pequim, que viu surtos em várias faculdades e em uma escola secundária nos últimos dias. Todos os casos da capital já estavam em quarentena.

A China isola todas as infecções por covid e seus contatos próximos como forma de interromper a transmissão comunitária, uma estratégia aperfeiçoada durante o surto original de Wuhan que ainda é seguida à risca.

Com mais de 2.000 delegados previstos para desembarcar em Pequim para o Congresso do Partido Comunista da China, em 16 de outubro, as autoridades não estão se arriscando com a covid.

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Um distrito de Shijiazhuang, capital da província vizinha de Hebei, foi fechado a partir das 6h, horário local, na terça-feira (13), e a área de Sanhe também estará sujeita a uma ordem de permanência em casa, depois que um residente testou positivo para o vírus.

Outras partes da China, de áreas em Xinjiang, no noroeste, a Guiyang, uma cidade de cerca de 6 milhões de habitantes no sul, também estão trancadas e sujeitas a repetidos testes em massa.

Os testes se tornaram essenciais para a China sustentar a política de “zero covid”, com testes negativos necessários para entrar em locais de trabalho, transporte público e até parques em algumas partes do país. A megacidade de Chengdu, no sudoeste, onde vivem cerca de 21 milhões de pessoas, também permanece em grande parte confinada.

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