Brasil é melhor aposta na região em guinada hawkish de BCs, apontam analistas

Analistas de Goldman Sachs, JPMorgan e Citi dizem que o mercado local é o único da América Latina em que vale a pena ter posições aplicadas em juros

Bancos de Wall Street apontam oportunidades de ganhos no mercado de juros brasileiro nos próximos meses diante de aposta em queda do juro
Por George Lei e Maria Elena Vizcaino
12 de Setembro, 2022 | 02:32 PM

Bloomberg — O Brasil pode ser o único lugar na América Latina em que os traders estão corretos em desafiar uma guinada conservadora dos bancos centrais, de acordo com pelo menos três grandes bancos de Wall Street.

Enquanto mercados de juros da região precificam cortes no próximo ano, analistas do Goldman Sachs (GS), JPMorgan (JPM) e do Citigroup (C) dizem que o Brasil é o único país onde ter posições aplicadas - que lucram com a queda das taxas de juros do mercado - pode valer a pena.

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As taxas de juros futuros do Brasil estão em tendência de queda à medida que a inflação desacelera, com o pior da alta nos preços ao consumidor provavelmente ficando para trás. O IPCA, principal indicador de inflação do país, desacelerou pelo segundo mês seguido em agosto e a maioria dos economistas acredita que continuará diminuindo, em parte devido aos cortes nos impostos sobre combustíveis.

A curva de juros do país atualmente precifica mais de 2,7 pontos percentuais em cortes no próximo ano, o que significaria desfazer parcialmente o aperto de 11,75 pontos implantado pelo Banco Central desde o início de 2021, que levou a taxa de 2% ao ano para 13,75%.

“Dada a agressividade do Fed e do BCE [Banco Central Europeu], os aplicadores de juros de mercados emergentes precisam permanecer bastante seletivos”, escreveram analistas do Citigroup, incluindo Dirk Willer e Andrea Kiguel, em relatório a clientes na última semana.

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O Citi tem dito aos clientes desde o início de agosto que apliquem juros no Brasil com vencimento em janeiro de 2025. A opinião deles é que vale a pena ficar overweight - com alocação acima da média - no Brasil, apesar de quaisquer riscos associados às eleições presidenciais do próximo mês.

O JPMorgan também cita o Brasil como o único país da América Latina para aplicar em juros. O banco gosta da posição aplicada no contrato de depósito interfinanceiro para janeiro de 2026 “com atividade econômica mais lenta, surpresas negativas na inflação, valuations atraentes e altas taxas reais”, de acordo com uma nota de Saad Siddiqui e Gisela Brant publicada em agosto.

Os bancos de toda a região tornaram-se mais hawkish - ou seja, com postura mais agressiva na condução de política monetária.

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O Chile apresentou um aumento de juros maior do que o esperado na semana passada em meio à mais alta inflação em três décadas, enquanto o presidente da autoridade monetária brasileira disse que os formuladores de política ainda não estão pensando em cortes, enquanto o Federal Reserve reiterou sua resolução para conter a alta de preços.

A perspectiva para qualquer corte de juros na Colômbia no próximo ano também piorou depois que a inflação acelerou mais do que o previsto em agosto, com os preços subindo no ritmo mais rápido desde 1999.

Ainda assim, operadores precificam uma desaceleração do ritmo de aperto no México e no Chile no próximo trimestre e o fim do ciclo de alta no Brasil.

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Para o próximo ano, as taxas de juros locais precificam mais de 2,5 pontos percentuais em flexibilização no Chile e reduções mais moderadas no México e na Colômbia. O mercado de futuros do Fed Funds embute uma queda de taxa menor que 0,25 ponto percentual em 2023.

Analistas do Barclays e do RBC Capital Markets apostam em cortes de juros em outros países da região, não apenas no Brasil. Lewis Jones, gestor de portfólio da William Blair, disse que também gosta de aplicar taxas na Colômbia e no Peru.

“A inflação começará a cair rapidamente e eles oferecem a relação de risco e retorno mais atraente em relação aos juros globais”, disse ele, acrescentando que o Brasil ainda é sua principal escolha para apostar em cortes.

No entanto, estrategistas do Goldman Sachs, incluindo Kamakshya Trivedi e Davide Crosilla, disseram aos clientes para terem cuidado ao apostar em juros mais baixos em mercados emergentes. Assim como o Citi, eles recomendam posição que ganha com a queda das taxas para janeiro de 2025 no Brasil.

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