Bloomberg — O candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, poderia indicar Geraldo Alckmin (PSB), seu vice na chapa, para algum ministério de peso com o objetivo de reforçar seu compromisso com uma agenda política e econômica moderada caso seja eleito em outubro, segundo disseram duas pessoas com conhecimento do assunto.
Economia e Agricultura estão entre as pastas que Alckmin poderia comandar, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas. Nas últimas semanas, o nome de Alckmin ganhou força para liderar a equipe econômica, segundo uma delas.
A aliança com Alckmin foi vista como o maior sinal até agora de que o ex-presidente começou a se afastar da ala radical de seu partido e se aproxima das visões moderadas que o ex-governador de São Paulo incorporou ao longo de três décadas de carreira política. Nomear seu vice-presidente para um cargo-chave no ministério seria uma forma de Lula reforçar esse compromisso.
Alckmin foi um dos principais nomes de centro-direita do país nas últimas décadas e ex-líder do PSDB, partido que comandou o país com Fernando Henrique Cardoso entre 1995 e 2002.
Em resposta à Bloomberg News, um representante da campanha de Lula disse que cargos no ministério não serão discutidos antes das eleições. A assessoria de imprensa de Alckmin informou que nunca houve conversas sobre cargos no governo, pois o candidato está focado em vencer as eleições.
Se Lula derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) no mês que vem, precisará construir pontes não apenas com o Congresso para aprovar reformas mas também com investidores preocupados com as contas públicas.
Investidores do mercado financeiro estão particularmente preocupados com as promessas do candidato do PT de acabar com a regra do teto de gastos, que limita as despesas do governo à taxa de inflação do ano anterior, a fim de impulsionar programas sociais e investimentos públicos.
Durante a campanha, Alckmin já recebeu a missão de recebeu a missão de dialogar com representantes do agronegócio, da indústria e do setor financeiro.
Comando da Economia
Lula disse anteriormente que seu ministro da Economia precisa ter “visão política e versatilidade”, mas que não tomará decisões sobre o ministério antes de ser eleito, disse um de seus principais assessores, embora tenha acrescentado que Alckmin terá um papel importante em qualquer cenário.
Outros nomes também foram citados para assumir o ministério da Economia, como o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, um aliado próximo de Lula, e o candidato a governador de São Paulo Fernando Haddad (PT), caso ele não ganhe a disputa.
Quando eleito presidente pela primeira vez em 2002, Lula surpreendeu investidores e representantes do mercado financeiro ao escolher Antonio Palocci, médico e ex-prefeito de Ribeirão Preto, como ministro da Fazenda, o cargo mais poderoso do ministério.
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