Europa está preparada caso a Rússia suspenda gás, diz chanceler alemão

Olaf Scholz disse que a Alemanha e a Europa montaram operação para enfrentar as consequências caso a Rússia decida interromper completamente as entregas de gás

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Bloomberg — A Alemanha e a Europa estão preparadas para enfrentar as consequências caso a Rússia decida interromper completamente as entregas de gás, disse o chanceler do país, Olaf Scholz, em comunicado neste sábado (10).

A Alemanha se preparou “para que a Rússia corte em grande parte o fornecimento de gás por conta da guerra contra a Ucrânia”, disse Scholz, acrescentando que seu país montou terminais na costa norte da Alemanha para importar gás líquido.

Contudo, a afirmação do chanceler de que o país está preparado foi contestada pela Associação de Cidades e Municípios da Alemanha, que representa cerca de 14 mil municípios e vilas em todo o país, bem como pelo grupo de estudo econômico DIW.

A maior economia da Europa está no centro da crise energética do continente, enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, corta os suprimentos em retaliação às sanções relacionadas à guerra na Ucrânia. Crescem as preocupações de que a Alemanha possa enfrentar uma onda de falências como consequência da crise.

“Economizamos gasolina. Estamos mais uma vez usando as capacidades de produção de usinas a carvão. No início do próximo ano, teremos a oportunidade de usar as usinas nucleares restantes do sul da Alemanha, se necessário”, disse o chanceler.

No entanto, a promessa de poder do governo foi questionada no sábado, quando o presidente da Associação de Cidades e Municípios disse que o país corre o risco de uma crise energética.

“Um ataque de hackers e/ou uma sobrecarga da rede elétrica” pode causar um apagão grave, disse Gerd Landsberg, presidente da associação, ao jornal Welt am Sonntag. Essa sobrecarga pode ser desencadeada se muitas famílias conectarem aquecedores elétricos em vez de aquecedores a gás, segundo ele.

A Alemanha reconheceu que a situação é séria, mas ainda não está fazendo o suficiente para se preparar, disse Landsberg ao jornal.

Marcel Fratzscher, presidente da DIW, disse à rede de mídia RND no sábado que espera uma desaceleração mais longa na Alemanha.

A recessão é inevitável, já estamos em recessão”, disse Fratzscher, acrescentando que está preocupado que a economia não se recupere rapidamente e, em vez disso, encolha em 2023. “2024 também não será um ano tão bom”, disse o economista e advertiu que a Alemanha corre o risco de ter que aturar alguns anos de estagflação.

Fratzscher previu que “muitas empresas vão falir” porque o governo não pode salvar todas. Ele sugeriu que o governo limitasse os custos de energia e oferecesse ajuda.

No início desta semana, o governo alemão sofreu um golpe em seus planos de manter algumas usinas nucleares funcionando como reserva de backup. O plano, divulgado pelo ministro da Economia, Robert Habeck, foi rejeitado por um dos operadores de usinas nucleares da Alemanha, que disse que “não é tecnicamente viável e, portanto, não é adequado como meio de garantir a participação no fornecimento dessas usinas”.

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