Quantos salários mínimos compram um iPhone 14 Pro na América Latina?

A Costa Rica é o único país da região onde dois meses de salário mínimo são suficientes para comprar um iPhone 14 Pro

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Bloomberg Línea — Os fãs ao redor do mundo aguardavam ansiosamente a revelação do iPhone 14, a versão 2022 dos smartphones da Apple (AAPL), que foi revelada na quarta-feira (7). Em poucos dias, o aparelho estará disponível para pré-venda nos Estados Unidos, e aqueles que quiserem adquiri-lo enfrentarão o obstáculo de conseguir o dinheiro para pagar por ele.

A Bloomberg Línea realizou uma pesquisa sobre quantos salários mínimos são necessários em diferentes países da região para comprar o iPhone 14 Pro, um dos modelos top de linha da marca e cujo valor internacional é de US$ 999.

Em nenhum país é possível comprá-lo com apenas um mês de trabalho de salário mínimo, mesmo para aqueles que podem gastar 100% de sua renda na compra.

Quais países estão mais próximos do iPhone 14?

O único país da América Latina onde dois meses de salário mínimo são suficientes para comprar um iPhone 14 Pro é a Costa Rica.

  • Ali, o salário mínimo para trabalhadores não qualificados é de 330.299 colones, o que equivale a US$ 503,89. Isto significa que um trabalhador com salário mínimo poderia comprar este item de luxo em 60 dias se tivessem 100% de suas despesas cobertas por algum outro meio.
  • No Uruguai, o segundo país da região em termos de salário mínimo equivalente em dólares, dois meses de trabalho não são suficientes, mesmo que dois meses de salário pudessem ser utilizados exclusivamente para esse fim. No país sul-americano, o salário mínimo para um funcionário registrado é de 19.364 pesos, equivalente a US$ 475,30. Em outras palavras, dois salários mínimos completos e uma pequena parte de um terceiro salário teriam que ser gastos para comprar um iPhone 14 Pro (2,1 salários no total).
  • O terceiro lugar do pódio dos países latino-americanos fica com o Chile, onde um trabalhador que ganha o salário mínimo ganha 400.000 pesos (US$ 449,62). Neste caso, o trabalhador, mesmo com dois meses de trabalho, precisa de US$100 para comprar o aparelho.
  • O último país da América Latina com salário mínimo acima de US$ 400 por mês é o Equador, onde o salário mais baixo para um trabalhador registrado é de US$ 425. No país, são necessários pouco menos de dois meses e meio de trabalho (2,35 salários) para chegar ao iPhone 14.

Salário mínimo abaixo de US$ 400

  • Na Guatemala, o salário mais baixo (incluindo bônus) é de 2.954 quetzales, ou US$ 381, portanto um trabalhador precisa de mais de 2,5 meses de trabalho (cerca de 2,6 meses) para obter um iPhone 14.
  • Alguns dias mais do que na Guatemala são necessários no Paraguai, onde o salário mínimo é de 2.550.307 guaranis (US$ 369,44). Aqui são necessários 2,71 salários.
  • No Panamá, o salário mais baixo (levando em conta o mínimo permitido em pequenas empresas) é de US$ 326, semelhante ao salário mais baixo da Bolívia (2.250 bolivianos, ou US$ 325,77). A partir deste limiar, um trabalhador já precisa de mais de três salários completos para comprar a novidade da Apple (3,07 nos dois países).
  • O último país latino-americano a conceder um salário mínimo acima de US$ 300 é Honduras, onde o salário mínimo é de 7.408 lempiras (US$ 300,62). Lá, são necessários 3,3 meses de trabalho.

Quase quatro meses de trabalho pelo aparelho

  • No Peru, um salário mínimo é de 1.025 soles (US$ 264), portanto, um trabalhador peruano com salário mínimo precisa de quase 3,8 meses completos de salário para comprar o iPhone mais recente.
  • Um trabalhador no México está numa posição semelhante, com o salário mensal mais baixo da segunda maior economia da região sendo de 5.258 pesos (US$ 261,16). Por isso, um trabalhador mexicano com o salário mínimo formal também precisa de mais de 3,8 salários se quiser o smartphone.
  • Em El Salvador, os trabalhadores com salário mínimo mais baixo (setor de colheita de café) recebem cerca de US$243,46. Neste caso, o esforço necessário para um iPhone 14, mesmo assumindo um salário completo, é superior a quatro meses (4,11 salários).
  • Na principal potência econômica da região, o Brasil, o salário mínimo é ainda mais baixo. Um trabalhador ganha 1.212 reais, cerca de US$ 230,94. Em outras palavras, um iPhone 14 representa cerca de 4,3 salários mínimos na maior economia da América Latina.
  • Mais baixo ainda está o trabalhador colombiano registrado com o menor salário, que ganha 1.000.000 pesos (US$ 223,09). Neste caso, são necessários quase cinco salários (4,8 para ser exato) para comprar o smartphone.

Os salários mais baixos

  • Existem 16 tipos de salário mínimo na República Dominicana e o mais baixo deles é de 9.500 pesos, ou US$179,25. Portanto, um trabalhador dominicano que recebe esse valor deve usar 5,6 salários para acessar um iPhone 14 Pro.
  • O salário mínimo nicaraguense foi fixado em 4.723,25 córdobas, que é cerca de US$ 131,27 a preços atuais. Portanto, para comprar um iPhone 14 Pro na Nicarágua, são necessários 7,62 salários mínimos.
  • Na Venezuela, por outro lado, a tentativa é praticamente impossível, pois o salário mínimo equivale a meio petro, ou cerca de US$ 30, portanto um iPhone seria equivalente a mais de 33 salários.

Argentina, um caso especial

  • A terceira maior economia da região tem dois regimes de câmbio. O oficial, usado para importações e exportações, e o dólar livre, que pode ser acessado de várias maneiras e é o que a população realmente compra e vende.
  • Entre os dólares livres está o MPE, obtido por meio da compra de um título em pesos e sua venda em dólares. De acordo com esta cotação, o salário mínimo na Argentina (51.000 pesos a partir de agosto) é de US$ 188. Levando este marco em conta, para comprar um iPhone 14 Pro no país, são necessários cerca de 5,3 salários mínimos. Agora, levando em conta o dólar oficial, um salário mínimo na Argentina é equivalente a US$ 362,17. Com essa renda, são necessários 2,8 salários mínimos para comprar um iPhone 14 Pro.

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