Empresas ainda precisam educar consumidores sobre ESG, aponta Google

Levantamento inédito da plataforma mostra que quase metade dos entrevistados não consegue associar o tema a nenhuma marca

Marcas "mais amadas" do Brasil também são as de melhor reputação quando se fala de ESG, de acordo com a pesquisa
08 de Setembro, 2022 | 06:13 PM

Bloomberg Línea — Embora a sigla ESG (Environmental, Social and Corporate Governance, em inglês) tenha ganhado uma dimensão significativa nos últimos anos, ainda não é uma prioridade entre as marcas e menos ainda entre os consumidores brasileiros: pelo menos 47% não conseguem associar as práticas ESG a nenhuma marca.

É o que aponta uma pesquisa inédita publicada pelo Google Brasil (GOOG), que também revela que apenas uma em cada cinco pessoas já ouviu falar sobre o tema. Ainda assim, quando o tema é esclarecido aos entrevistados, 87% dizem acreditar que se trata de algo importante e que deve ser tratado por instituições públicas e privadas.

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Os dados são da Impact! ESG, uma plataforma de dados e mensuração lançada pela gigante de tecnologia, com o intuito de auxiliar as empresas a avaliar suas jornadas sobre o tema, e a reputação das marcas em relação à agenda.

O programa é uma criação do Google em parceria com a plataforma de pesquisa MindMiners e com o Sistema B, uma organização que promove o Movimento B no Brasil, um sistema que tem o objetivo de redefinir o conceito de sucesso na economia para que sejam considerados não apenas o êxito financeiro, mas também o bem-estar da sociedade e do planeta.

O estudo sugere que o assunto é pouco explorado no Brasil, e que ainda há um espaço considerável a ser ocupado pelas empresas neste quesito. No geral, o ESG ainda é um espaço com baixo nível de associação de marcas - 13% foi a média de associação que os brasileiros fizeram entre as marcas e o tema no país.

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Na outra ponta, das 3 mil pessoas entrevistadas em todas as regiões e diferentes classes sociais, quatro em cada cinco declararam como importante a atuação das marcas em ações relacionadas ao meio ambiente, panorama social e de governança.

“Grandes marcas e empresas têm um poder de mobilização gigante, um espaço de conscientização para o brasileiro. O que é ESG e como podemos ajudar o país a se mobilizar nessa direção?” questionou Marco Bebiano, diretor de negócios dos segmentos de Bens de Consumo, Moda e Beleza, Governo e Tecnologia do Google Brasil, em conversa com jornalistas na sede da companhia em São Paulo na segunda-feira (5).

Das 274 empresas avaliadas pelo levantamento a partir de 35 atributos ESG, o setor que concentrou as maiores notas é o de Beleza. Para chegar a uma nota final, foram levados em consideração os pilares de social, governança e meio ambiente, com notas individuais para cada categoria, que levam a uma média por categoria.

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RankingCategoriaNota
1Beleza22,4%
2Finanças18,4%
3Bebidas18,2%
4Alimentos18,1%
5Cuidados Pessoais18,1%
6Tecnologia17,4%
7Moda16,8%
8Varejo16,8%
9Auto16,4%
10Limpeza16,4%

O Índice ESG (IESG) é utilizado pela plataforma para aferir o grau de associação de uma determinada marca aos quesitos de meio ambiente, social e governança. Quanto mais próximo de zero, menor é o indicador e, quanto mais próximo de 100%, melhores são as condições para os territórios analisados.

Outro dado importante que a análise traz é que metade das marcas mais amadas do Brasil também são as de melhor reputação quando se fala de ESG. Lívia Sitta, analista de insights do Google Brasil e líder da Impact! ESG, afirma que “construir estratégias de geração de impacto positivo e posicionar a marca a partir de temáticas ESG aumenta a intenção de compra e a conexão emocional com o consumidor”.

Sitta vê a mensuração dos dados como uma vantagem competitiva. “Adicionamos aqui mais uma camada de compreensão àquilo que está sendo feito, e se está gerando o resultado que se quer”, define.

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Segundo Bebiano, a ideia de trazer índices por setores, sem expor as companhias, pode ser uma forma mais eficiente de estimular as empresas a olharem para seus próprios cenários sem gerar competitividade entre si. Agora, a empresa começará a conversar com grandes marcas parceiras, mostrando os estágios em que cada uma se encontra a partir da percepção dos consumidores entrevistados.

“Conversaremos com cada um para entender em que momento estão, fazemos uma análise e dividindo resultados para combinar os próximos passos. O princípio é usar dados e inteligência pra olhar para os objetivos de cada cliente”, complementa Sitta.

O índice será atualizado anualmente, em rodadas programadas para acontecer no primeiro semestre de cada ano. A ideia é levar até o fim de 2023 os dados e insights para 50 companhias, e escalar aos poucos o projeto.

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Melina Flynn

Melina Flynn é jornalista naturalizada brasileira, estudou Artes Cênicas e Comunicação Social, e passou por veículos como G1, RBS TV e TC, plataforma de inteligência de mercado, onde se especializou em política e economia, e hoje coordena a operação multimídia da Bloomberg Linea no Brasil.