Bloomberg — O Banco Central Europeu (BCE) intensificou a batalha contra a inflação recorde com uma alta de juros histórica de 0,75 ponto percentual e a promessa de “vários” aumentos adicionais, mesmo com a piora das perspectivas de crescimento econômico.
A medida sem precedentes de aperto monetário destaca a crescente preocupação com as pressões dos preços na Zona do Euro, que se estendem além do custo de energia e a queda da moeda. A decisão correspondeu a expectativas dos analistas com a elevação da taxa básica de zero para 0,75%.
O euro mal se mexeu após o anúncio, enquanto no mercado de juros os operadores aumentaram suas apostas em mais aperto monetário.
Acusado de reagir muito devagar à disparada da inflação que piorou quando a Rússia invadiu a Ucrânia, o movimento agressivo alinha o BCE um pouco mais com o Federal Reserve, que atualmente estuda um terceiro aumento consecutivo da taxa básica de juros neste mês.
“Este grande passo antecipa a transição do nível altamente acomodativo predominante das taxas de juros para níveis que garantirão o retorno oportuno da inflação à meta de médio prazo de 2% do BCE”, disseram as autoridades em comunicado. “Nas próximas reuniões, o Conselho do BCE espera aumentar ainda mais as taxas de juros.”
O BCE elevou suas perspectivas para a inflação neste ano e no próximo, ao mesmo tempo em que reduziu sua previsão de expansão econômica em 2023.
É improvável que os custos de financiamento mais altos atenuem os preços crescentes da energia por trás desse pico, com possíveis pioras adiante depois que a Rússia interrompeu o fornecimento de gás natural por meio de um gasoduto crucial para a região. Mas o temor é que as expectativas de inflação possam disparar sem aumentos os agressivos que se tornarão cada vez mais difíceis de implementar à medida que a economia da Europa se enfraquece.
Esta semana, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, advertiu que o aperto monetário “deve ser compatível com uma trajetória de recuperação econômica”. À medida que a crise do custo de vida diminui a demanda, os analistas preveem uma recessão na Zona do Euro a partir deste ano, com alguns dizendo que uma desaceleração já está em andamento.
As perspectivas para a Alemanha, a maior economia do continente, são sombrias devido à sua dependência exagerada da energia russa. Embora o país tenha enchido as instalações de armazenamento de gás mais rapidamente do que o previsto, elas não são suficientes para impedir o racionamento durante o inverno.
Mas mesmo com o CEO do Deutsche Bank, Christian Sewing, alertando que uma recessão está chegando, o presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, quer que a batalha contra a inflação seja priorizada sobre o crescimento econômico.
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