Julius Baer amplia exposição a ações, mas mantém cautela antes de eleições

Family office de gestora suíça no Brasil vê oportunidades na renda fixa e em ativos de setores ligados à economia doméstica na bolsa local

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Bloomberg — A sinalização de que o ciclo de alta da Selic estaria perto do fim, dado pelo próprio Banco Central, iniciou um primeiro processo, ainda cauteloso, de recomposição de carteira no Julius Baer Family Office.

O movimento fortaleceu o peso e a composição da carteira de renda variável, com maior alocação em ações ligadas à economia doméstica, com destaque para as de consumo e saúde.

“Viemos de uma posição um pouco underweight [abaixo da média do mercado, equivalente à venda] em renda variável ao longo do primeiro semestre e ainda não tínhamos rebalanceado a carteira”, disse Paulo Miguel, economista e diretor de investimentos do family office, em entrevista.

Na renda fixa, a visão é que juros reais acima de 6% seguem interessantes para a gestora, ligada ao grupo suíço Julius Baer e que gere R$ 36 bilhões no Brasil, segundo dados da Anbima.

Uma mudança “mais estrutural” no portfólio, no entanto, só deve vir quando a equipe e a direção econômica do próximo governo ficarem mais claras. “Esse é o grande sinal para que se abra um horizonte de retornos mais positivos para Brasil”, disse Miguel.

Ele avalia como alta a chance de que haja um “movimento de reforço de confiança em relação à solvência e trajetória de dívida” no início do próximo governo, seja ele qual for.

Em relação aos negócios globais, Miguel destacou que o Brasil segue atraente entre os emergentes dentro dos fundos multimercados. Isso acontece “um pouco por eliminação”, segundo ele, pela dimensão da economia, a distância dos conflitos geopolíticos e a posição de exportador de commodities. Ele apontou ainda o fato de o BC ter começado o aperto de juros antes dos demais.

“O Brasil na sincronia global agiu antes e está em uma posição de momento mais elevada, com prêmios de risco mais elevados, sem grandes desequilíbrios”, disse.

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