Força-tarefa contra crise na Europa traz alívio, mas foco está nos bancos centrais

Política monetária está no topo das prioridades dos investidores esta semana, com fala de Powell e decisão do BCE sobre juros

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Barcelona, Espanha — (Esta é a versão ampliada e atualizada de nota originalmente publicada às 5h55)

As medidas de lideranças europeias para atenuar a crescente crise energética do continente dão certo alívio aos mercados. Porém, os investidores devem permanecer arredios, no aguardo dos pronunciamentos de dirigentes de autoridades monetárias, entre eles o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, e da decisão sobre juros do Banco Central Europeu (BCE), ambos agendados para quinta-feira. Economistas de alguns dos bancos mais proeminentes esperam um aumento dos juros europeus em 0,75 ponto percentual.

💸 Dinheiro mais caro. Nesta madrugada, a Austrália subiu de 1,85% para 2,35% suas taxas de juros e o banco central avisou que ainda não terminou o seu trabalho. No entanto, como os analistas esperam que seu PIB cresça de 3,3% para 3,5% no segundo trimestre, o país se encontra em uma posição mais cômoda para subir o custo do dinheiro.

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⚡ Força-tarefa energética. Os países europeus estão em uma verdadeira cruzada contra o impacto da crise energética. A Suíça e a Finlândia se uniram à Alemanha para oferecer crédito às empresas de energia, já que o agravamento da crise de fornecimento e o aumento dos preços ameaçam criar um caos financeiro na Europa.

Os analistas do Goldman Sachs calculam um aumento de 2 trilhões de euros nas contas de energia para o bloco. Enquanto os formuladores de políticas europeias se apressam em achar soluções para a crise energética em espiral, a liquidez se converte em uma das questões mais urgentes. Na sexta-feira, ministros de energia da UE se reunirão em Bruxelas para implementar “instrumentos de liquidez de emergência”.

☝🏼 Medida inaugural. Nesse sentido, Liz Truss, escolhida ontem como a nova primeira-ministra do Reino Unido, anunciou o primeiro item de sua agenda: aliviar os boletos de energia em uma política que poderá custar aos cofres públicos US$ 130 bilhões de libras em 18 meses.

Truss está finalizando planos para um pacote de ajuda de £ 40 bilhões (US$ 46 bilhões) para reduzir as contas de energia das empresas britânicas. Ela estaria considerando duas opções: um limite para os custos de energia das empresas, semelhante à proposta que protegeria os lares britânicos, ou uma porcentagem ou redução de preço unitário que todos os fornecedores de energia devem oferecer às empresas, de acordo com documentos vistos pela Bloomberg.

→ Assim se movimentam os mercados esta manhã:

Os mercados de renda variável subiam tanto na Europa como nos Estados Unidos, ajudados por medidas anunciadas por vários países do bloco para minimizar o impacto da crise energética e também por caçadores de pechinchas, que aproveitam os atrativos preços das ações após as recentes quedas em Wall Street.

O petróleo, que começou o dia mais alto, mas inverteu o curso momentos antes. Ontem, a OPEP+ anunciou que vai cortar a produção de outubro em 100.000 barris, apagando o aumento aplicado em setembro.

Enquanto os mercados futuros de índices americanos e os mercados acionários europeus se valorizavam, os títulos soberanos americanos a 10 anos perdiam valor nominal (com +3,23% de rendimento). Aqueles títulos com vencimentos mais curtos cobravam um prêmio de 3,45%. Por outro lado, os títulos de países europeus como Alemanha, Itália e Espanha se recuperavam.

🟢 As bolsas ontem: Bolsas dos Estados Unidos fechadas por feriado. Stoxx 600 (-0,62%), Ibovespa ( +1,21%)

Devido ao feriado nos EUA, a atenção se concentrou no mercado europeu. O índice Stoxx Europe 600 caiu, assim como o euro, repercutindo o anúncio da russa Gazprom de que o gasoduto Nord Stream permanecerá fechado indefinidamente por problemas técnicos. Neste cenário, o euro caiu para um mínimo de 20 anos durante o dia. Os futuros de ações de Wall Street avançaram, após acumular três declínios semanais seguidos na sexta-feira.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Indicadores PMIs: Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido

EUA: Índice de Tendência de Emprego/Ago, Atividade Não Manufatureira ISM/Ago

Europa: Alemanha (Encomendas à Indústria/Jul); Espanha (Confiança do Consumidor)

Ásia: Japão (Reservas Internacionais/Ago)

América Latina: México (Investimento Fixo Bruto/Jun)

Bancos Centrais: Decisão sobre juros na Austrália. Pronunciamento de Sabine Mauderer (Bundesbank)

📌 Para a semana:

Quarta: Evento da Apple sobre novos iPhones e relógios; O presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, participa do Comitê do Tesouro; Livro Bege sobre a atividade econômica regional do Fed. A presidente do Cleveland Fed, Loretta Mester, deve falar em evento

Quinta: Decisão sobre as taxas do Banco Central Europeu. O presidente do Fed Jerome Powell participa de conferência do Instituto Cato em Washington. O governador Philip Lowe, do Banco Central da Austrália, fala em evento

Sexta: China (PPI, oferta de moeda, novos empréstimos em yuan). Reunião extraordinária dos ministros de energia da UE sobre intervenção de emergência nos mercados de eletricidade

(Com informações da Bloomberg News)