Rejeição da Constituição no Chile pode atrair bilhões para cobre

Governo do presidente esquerdista Gabriel Boric se encontra em terreno mais instável para promover reformas

País responde por mais de 25% do cobre extraído do mundo e pela maioria das reservas
Por James Attwood
05 de Setembro, 2022 | 12:18 PM

Bloomberg — A clara rejeição no domingo à proposta de nova Constituição no Chile pode ter o efeito secundário de moderar aumentos de impostos, o que eliminaria uma grande barreira para bilhões de dólares em investimentos em cobre.

Com 62% dos eleitores – número acima do esperado - tendo optado por manter a atual carta magna, vista como favorável a investidores, o governo do presidente esquerdista Gabriel Boric se encontra em terreno mais instável para promover reformas.

“O Congresso será chave nesta nova etapa, pois seu poder de negociação com o governo aumenta consideravelmente”, disse Juan Carlos Guajardo, que comanda a consultoria Plusmining e prevê uma agenda legislativa do governo muito mais debatida.

Isso fortalece a posição de parlamentares da oposição e da indústria de mineração em amenizar um projeto de lei atualmente em debate que criaria a carga tributária mais pesada entre os maiores países produtores de cobre. A perspectiva de impostos mais altos e regras ambientais mais duras na nova Constituição levou mineradoras a suspenderem alguns investimentos. A BHP disse em março que gastaria US$ 10 bilhões no Chile, desde que a maior nação produtora de cobre não mudasse muito as regras.

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É um grande investimento em um país que responde por mais de 25% do cobre extraído do mundo e pela maioria das reservas, quando o desenvolvimento de novos depósitos se torna mais difícil e mais caro, além da expectativa de maior demanda pelo metal usado em fiação com a transição para reduzir o uso de combustíveis fósseis. Os investimentos são cruciais no Chile, onde os teores de minério têm caído constantemente. Isso significa que as minas precisam mover mais rocha para produzir a mesma quantidade.

O ministro da Fazenda do Chile, Mario Marcel, já havia aberto a porta para atenuar a chamada lei de royalties da mineração. Na semana passada, Marcel havia dito que o governo estudava mudar as alíquotas para um componente de imposto sobre vendas do projeto de lei.

A recente decisão do governo peruano, que desistiu das reformas tributárias planejadas para a mineração, também diminui a capacidade do Chile de elevar os impostos, mantendo-se competitivo como destino de investimento, de acordo com Cesar Pérez-Novoa, analista do BTG Pactual. A queda de mais de 20% nos preços do cobre neste ano também destaca a natureza cíclica dos mercados de commodities, o que enfraquece o nacionalismo de recursos.

No entanto, a votação reduz, mas não elimina, as incertezas para a indústria de mineração no Chile. Em comentários televisionados após a votação, Boric reiterou seu compromisso de mudar a Constituição. Mas enfatizou que o Congresso do país terá papel de liderança.

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