Por que a população chilena rejeitou a proposta de Constituição no país

Mesmo com vitória acachapante no plebiscito inicial de 2020, a proposta votada no fim de semana não conseguiu votos suficientes para aprovação

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Bloomberg Línea — A proposta de Constituição do Chile votada em plebiscito neste domingo (4) foi rejeitada por uma maioria inimaginável até alguns meses atrás. Mais de 7,8 milhões dos 13.021.063 eleitores que compareceram para votar no plebiscito de saída decidiram rejeitar o projeto.

As mesmas pesquisas que anteciparam o triunfo da opção “Rejeitar” também refletiram que boa parte dos chilenos ainda queria uma nova Carta Magna, mas estavam inclinados a votar contra o texto proposto porque aspiravam a um novo processo que trouxesse um projeto mais representativo.

Os primeiros questionamentos foram dirigidos à Convenção Constituinte. Os 155 membros do órgão que elaborou o documento rejeitado foram eleitos em maio de 2021, sendo, em sua maioria, independentes e muitos ligados a movimentos nascidos da revolta social de 2019.

Desde sua instalação em 4 de julho de 2021 até sua conclusão um ano depois, a instância e seus integrantes estiveram envolvidos em diversas polêmicas. Um dos escândalos com maior repercussão foi a destituição de Rodrigo Rojas Vade por fingir um câncer.

O ocorrido teve grande repercussão na mídia, mas também afetou a confiança do público no órgão, o que se refletiu nas pesquisas de opinião. Mas as propostas de artigos radicais durante a fase de discussão sem dúvida geraram controvérsias e questionamentos.

Embora tenham sido descartadas durante a fase de debate no plenário da Convenção, as críticas à versão final do documento espalharam-se ao ponto de que os partidos políticos no poder tiveram de se comprometer a reformular uma série de aspectos do texto para sua aprovação.

Por outro lado, nas pesquisas, o texto acabou sempre correlacionado com a figura do presidente Gabriel Boric. Se o presidente chileno descia ou subia nas pesquisas, o projeto também variava, e vice-versa.

Em uma entrevista em junho, o ministro Secretário Geral da Presidência, Giorgio Jackson, disse que se a rejeição vencesse o plebiscito, eles teriam de “rever quais os melhores mecanismos para implementar o programa do governo. Não se sabe qual deles está puxando o outro nas pesquisas. Mas, claramente, os dois juntos não conseguiram sair das baixas”, disse Kenneth Bunker, analista político da empresa de consultoria Político Tech Global.

Nas últimas semanas da campanha ocorreram episódios que afetaram a aprovação do texto, embora o comando político da opção tenha tentado aumentar a participação em Santiago, onde a votação foi fundamental. Entretanto, alguns eventos afetaram a campanha e reforçaram a rejeição – entre eles, a ligação de uma assessora de Jeannette Vega, até alguns dias atrás ministra do Desenvolvimento Social, para o radical Héctor Llaitul, que abalou o governo e provocou a primeira saída do gabinete do Boric.

Outro fato foi um insulto à bandeira chilena em um ato pela aprovação em Valparaíso, que prejudicou a campanha e fortaleceu a rejeição.

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