Bloomberg — A Opep+ concordou em fazer um corte simbólico no fornecimento de petróleo para outubro, buscando estabilizar os mercados globais depois que um cenário econômico instável desencadeou a maior queda de preços em dois anos.
O grupo reduzirá a produção em 100.000 barris por dia no próximo mês, levando os suprimentos de volta aos níveis de agosto, disseram os delegados. O movimento surpresa reverte exatamente o aumento de setembro que foi feito em resposta às súplicas do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
O acordo pode ser um desenvolvimento preocupante para as nações consumidoras, que enfrentam o aperto inflacionário dos preços do petróleo a US$ 95 o barril e a perspectiva de uma crise de energia no inverno do Hemisfério Norte. Os mercados devem ter uma oferta reduzida por conta das sanções da União Europeia contra o petróleo russo por conta da invasão da Ucrânia.
Embora o corte seja “insignificante em termos de volume, destina-se a enviar um sinal de que a Opep+ está de volta ao modo de observação de preços”, disse Bill Farren-Price, chefe de pesquisa macro de petróleo e gás da Enverus.
O petróleo Brent subia 3,2%, a US$ 96,03 por barril, às 9h20 (horário de Brasília).
Os contratos futuros do petróleo perderam 20% nos últimos três meses por temores de uma desaceleração econômica global, colocando em risco a receita inesperada que os sauditas e seus parceiros desfrutam este ano. A China, o maior importador de petróleo, exibiu sinais de desaceleração econômica “alarmante”, com o consumo aparente caindo 9,7% em julho, para uma mínima de dois anos, em meio a atividade comercial mais fraca e duras restrições à covid-19. Enquanto isso, os EUA contornaram a recessão e adotaram uma política monetária mais rígida.
No entanto, a decisão de cortar colide um pouco com a própria perspectiva da Opep. A análise de um comitê da aliança, que se reuniu na última quarta-feira, mostrou que a demanda global será maior do que a oferta no quarto trimestre, fazendo com que os estoques reduzam a uma taxa de 300.000 barris por dia.
--Com a colaboração de Olga Tanas
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