BTG/FSB: segundo turno se torna mais provável após debate da Band

Segundo pesquisa divulgada nesta segunda, todos os candidatos ficaram estáveis, com exceção de Simone Tebet (MDB), que passou de 4% para 6%

Debate
05 de Setembro, 2022 | 02:40 PM

Bloomberg Línea — O debate entre os candidatos a presidente transmitido pela TV Band e o horário eleitoral não foram capazes de mexer na estabilidade do cenário eleitoral, mas aumentaram os votos da chamada terceira via. Segundo pesquisa BTG/FSB divulgada nesta segunda-feira (5), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oscilou um ponto para baixo e ficou com 42% das intenções de voto. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) caiu dois pontos e ficou com 34%.

A única beneficiada pelos debates e pelo horário eleitoral foi Simone Tebet (MDB), que saiu de 4% para 6% das intenções de voto em uma semana. Ciro Gomes (PDT), no entanto, ainda aparecer à frente dela, com 8% das intenções.

Com isso, a soma dos votos da dita terceira via - quem não vota nem em Lula e nem em Bolsonaro - chegou a 17% das intenções. Somando os votos válidos, que excluem os indecisos e os que declararam que não vão votar, Lula ficou com 45%, ante 46% uma semana atrás e 49% há duas semanas.

Na análise da FSB, o ex-presidente “está cada vez mais distante de uma eventual vitória no primeiro turno”. Em um segundo turno contra Bolsonaro, Lula ganharia por 53% a 40%, segundo a pesquisa.

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O crescimento de Simone Tebet parece ter acontecido por causa do voto feminino, uma das frentes de batalha da reta final da campanha eleitoral deste ano. A candidata tinha 3% das intenções de voto das eleitoras há uma semana e passou a 5%. Os líderes viram queda em suas porcentagens - Lula caiu de 46% para 44% e Bolsonaro, de 30% para 29%. Ciro ficou estável em 9%.

Entre os eleitores que ganham até um salário mínimo, Ciro e Simone cresceram dois pontos, para 9% e 5%, respectivamente. Lula caiu um ponto, mas continua líder com folga no segmento, com 60% das intenções de voto. Já Bolsonaro continua enfrentando dificuldades com esse público: caiu de 17% para 13% em uma semana.

O debate e a propaganda na TV não conseguiram nem mesmo mudar o cenário das rejeições. Bolsonaro segue como o candidato mais rejeitado, com o índice de 55% que mantém há três semanas. Lula oscilou um ponto em uma semana, e ficou em 46%.

Ciro e Simone viram suas rejeições aumentarem. Ele cresceu três pontos, para 49%, e ela cresceu seis pontos, ficando com 36%.

A rejeição ao governo Bolsonaro também se manteve estável, com 46% achando-o ruim ou péssimo. A maior rejeição é entre os mais pobres: 49% dos que ganham até um salário mínimo e 42% dos que ganham até dois salários consideram o governo péssimo.

Também cresceu a desaprovação à maneira de Bolsonaro governar. A desaprovação saiu de 55% para 57% em uma semana. Mais uma vez, puxada pelos mais pobres: 72% dos que ganham até um salário mínimo e 63% dos que ganham até dois salários desaprovam a maneira de o presidente conduzir o governo.

Isso indica que não funcionou a estratégia do governo de aumentar o valor do Auxílio Brasil, versão bolsonarista do Bolsa Família petista, de R$ 400 para R$ 600 durante o período eleitoral de olho nos votos dos mais pobres.

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O benefício foi aumentado por meio de uma emenda constitucional que autorizou o governo a fazer gastos orçamentários fora do teto e sem respeitar os limites da legislação eleitoral. A emenda, no entanto, só vale até 31 de dezembro. A partir de então, o Auxílio volta a ser de R$ 400.

Bolsonaro tem prometido - e o fez durante o debate da Band - manter os R$ 600 em 2023. Mas, tanto no projeto de lei de diretrizes orçamentárias (PLDO) quanto no projeto de lei orçamentária (PLOA), o governo só previu verbas para o pagamento de R$ 405 a partir de 2023.

O debate serviu, no entanto, para ajudar na definição de voto do eleitor. Na pesquisa divulgada há uma semana, 78% dos eleitores disseram estar decididos. Na desta semana, a cifra subiu para 79%.

Embora a variação tenha sido dentro da margem de erro, de dois pontos, Lula foi o mais beneficiado com o aumento: há uma semana, 82% dos que tinham voto definido declaravam voto nele. Agora, são 87%. Foi o maior crescimento entre os candidatos - Bolsonaro caiu de 89% para 87%, empatando com o petista.

A única cifra que cresceu mais que Lula nesse quesito foi a dos que declararam que não votam. A alta foi de 19 pontos em uma semana, de 50% para 69% dos eleitores.

O eleitor de Ciro é o mais indeciso: 20% deles admitem mudar de voto até o dia da eleição, em 2 de outubro. A maior parte deles, 46%, migra para Lula. Outros 18% vão para Bolsonaro. Ciro também absorveria 28% dos votos em Bolsonaro e 26% dos votos em Simone Tebet, segundo a pesquisa.

De acordo com o levantamento, 57% dos entrevistados assistiram ao horário eleitoral gratuito. Não há dados sobre o alcance do debate da Band.

A pesquisa ouviu duas mil pessoas por telefone entre os dias 2 e 4 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o índice de confiança é de 95%. O registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR-01786/2022.

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Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.