Será que a Burberry daria conta de uma mudança criativa?

Marca britânica de luxo está supostamente considerando contratar um novo estilista-chefe, mas a tarefa seria bastante árdua

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Bloomberg Opinion — O estilista italiano Riccardo Tisci vai desfilar suas mais novas criações pela passarela em Londres dentro de algumas semanas. Mas seria esta uma de suas últimas coleções para o Burberry Group?

A marca britânica de luxo está explorando um novo caminho criativo e falando com estilistas que poderiam potencialmente substituir Tisci, segundo o jornal Women’s Wear Daily. Os candidatos incluem Daniel Lee, ex-estrela da Bottega Veneta, segundo a WWD. A Burberry disse não ter comentado sobre especulações.

Tisci fez o melhor que pôde na Burberry, mas Jonathan Akeroyd, que se tornou CEO em março, pode querer fazer sua própria escolha para o cargo crucial de diretor criativo. Nomeado pelo antecessor de Akeroyd, Marco Gobbetti, Tisci é estilista-chefe desde 2018 e teve um mandato respeitável no cargo de diretor criativo.

Há muito sou cética em relação à decisão da Burberry de trazer Tisci a bordo em 2018. Ele ficava entre o minimalismo elegante da antiga estilista da Celine, Phoebe Philo, e o ousado maximalismo de Alessandro Michele, da Gucci. Enquanto ele ajudava a estabilizar a Burberry, ele não criou burburinhos nem trouxe um crescimento vertiginoso nas vendas, algo que a Kering conseguiu com o estilo granny chic de Michele, caracterizado por estampas e logotipos arrojados e malhas de tricô maximalistas.

Dito isso, Tisci teve um trabalho mais difícil na Burberry do que Michele na Gucci, o falecido Virgil Abloh na Louis Vuitton, e Maria Grazia Chiuri na Christian Dior. Essas marcas já estavam no topo da pirâmide do varejo, enquanto a Burberry operava no nível premium e não no nível super luxo. E elevar uma marca e reenergizá-la ao mesmo é uma tarefa muito difícil.

No entanto, Tisci fez progressos, por exemplo, expandindo a gama de roupas da Burberry, trazendo de volta a estampa característica da marca – um xadrez vermelho, preto, bege e branco – e introduzindo um novo monograma “TB”. Ele também tornou a marca mais visível ao vestir celebridades como Madonna e Beyoncé. Ele fez tudo isso enquanto navegava pelos desafios da pandemia. Um novo estilista conseguiria partir daí.

Daniel Lee, que já trabalhou sob a direção de Philo na Celine, revigorou a Bottega Veneta, levando a marca, mais conhecida por seus acessórios de couro trançado, do clássico ao de ponta. Ele introduziu uma estética nova e mais elegante. Depois da ascensão da Gucci, isso mudou mais uma vez a direção da moda. Novos formatos de bolsas, como a Cassette e a clutch Pouch, foram bem recebidas. Os sapatos mule também pipocaram pelas grifes.

Esses designs simplificados se misturariam bem com as gabardines da Burberry, embora Lee também acertaria se preferisse o xadrez clássico da Burberry. Se ele conseguisse repetir o sucesso que teve com a linha de bolsas da Bottega, isso turbinaria os esforços da Burberry em acessórios – o impulsionador do lucro da indústria do luxo. Ser britânico é um ponto positivo para Lee. Akeroyd deveria focar em aproveitar melhor a herança da marca. Há espaço para uma potência britânica de luxo competir com rivais francesas e italianas.

Lee deixou a Kering repentinamente em novembro passado, mas Akeroyd é conhecido entre os talentos criativos. Na Versace, ele trabalhou em estreita colaboração com Donatella Versace.

O setor de luxo vem se saindo muito bem nos últimos dois anos, mas há dúvidas sobre este crescimento ser sustentável, dado o impacto dos lockdowns na China e da inflação nos Estados Unidos. Enquanto isso, a Prada, principal concorrente da Burberry, está ficando cada vez mais popular entre os consumidores mais jovens.

Quer seja Tisci ou outro estilista que apresente as futuras coleções da Burberry, eles o farão em um cenário mais difícil.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Andrea Felsted é colunista da Bloomberg Opinion e escreve sobre os setores de varejo e bens de consumo. Anteriormente, escrevia para o Financial Times.

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