Por que o Brasil virou o mercado da vez desta gigante global de batata frita

Plano de dominação do mercado no país começou em 2018; agora, a McCain constrói fábrica em Minas Gerais para escalar produção

Mercado de batatas fritas na América Latina tem crescido nos últimos anos
03 de Setembro, 2022 | 07:22 AM

São Paulo — Seja em lojas do Burger King, do McDonald’s ou dentro de casa, as batatas da marca McCain são figuras conhecidas no Brasil: segundo a empresa, anualmente, são importadas 650 mil toneladas de batatas pré-fritas e congeladas para o país. E o objetivo da companhia canadense de alimentação é ter um espaço esmagador nas cozinhas brasileiras.

Atualmente, o Brasil é o quinto maior mercado de batatas congeladas no mundo, mas a expectativa da McCain é que, até 2024, o país se torne o 3º na lista, com cerca de 850 mil toneladas para consumo, atrás apenas do Reino Unido e dos Estados Unidos.

O plano de dominação do mercado de batatas congeladas da McCain por aqui começou em 2018, quando a companhia adquiriu 49% da Forno de Minas, e continuou em 2019, com a compra de 70% da Sérya, empresa brasileira de produtos pré-formados de batata. A construção de uma fábrica em território brasileiro, então, foi o próximo passo.

O centro de produção da McCain no Brasil fica em Araxá, em Minas Gerais, e foi construído em agosto deste ano. Para isso, foram investidos US$ 150 milhões. Em comunicado à imprensa, a empresa afirmou que a abertura da fábrica “é o reflexo do foco da empresa no mercado brasileiro, que já é um dos maiores para a categoria”.

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“Ter a nossa primeira fábrica de batata pré-frita congelada no Brasil, nos dá um grande orgulho, ainda mais vindo de uma pandemia com todos os desafios que isso representava”, disse Aluízio Periquito Neto, diretor-geral da McCain no Brasil em comunicado.

“O Brasil é um dos principais mercados para a McCain. Com a nova fábrica, vamos conseguir potencializar a produção e a distribuição de nossos produtos, com mais eficiência no abastecimento, além de melhorar nosso nível de serviço no mercado local”, comentou.

Batatinha quando nasce...

A aposta da McCain no Brasil não é injustificada. O mercado de batatas congeladas na América Latina tem crescido abundantemente nos últimos anos. Em 2021, o faturamento da indústria foi de US$ 5,47 bilhões na região, segundo uma pesquisa do Market Data Forecast.

A expectativa de crescimento anual é de 6,6%, alcançando US$ 6,6 bilhões até 2026, com um aumento acelerado de consumo, especialmente no Brasil e na Argentina. A pesquisa também mostra que a McCain é um dos principais nomes na América Latina, à frente de outras empresas como a Lamb-Weston e a J.R Simplot.

No Brasil, segundo uma pesquisa realizada pelo IFB (Instituto Foodservice Brasil), em parceria com o Instituto de Pesquisa IPESO, a marca é a mais lembrada quando o assunto é batata frita congelada entre os comerciantes, sendo mencionada por 33,4% dos participantes, seguida pela Bem Brasil (12,6%) e Sadia (6,1%). Para a pesquisa, foram ouvidos 760 estabelecimentos.

Globalmente, o mercado de batatas pré-fritas e congeladas movimenta US$ 58,5 bilhões. Daqui a dez anos, em 2032, o valor deve subir para US$ 92,4 bilhões, segundo o Future Markets Insights, que ainda aponta que as vendas de batatas congeladas provavelmente responderão por 6% da demanda mundial pelo produto. O estudo afirma que o segmento de batatas fritas tem uma participação de 42,3% nas vendas globais entre uma série de produtos, e apresenta um crescimento anual previsto de 2,9%.

Segundo os pesquisadores, isso acontece por conta do aumento da popularidade dos restaurantes de fast-food e do consumo de alimentos vendidos nesses locais, como as próprias batatas fritas, o que, automaticamente, retroalimenta o mercado de batatas congeladas.

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No entanto, a marca líder em vendas no país é a Bem Brasil, apesar de a McCain fazer a cabeça de quem vende. A pesquisa “Cinco Mais” deste ano, elaborada pela consultoria Nielsen, em parceria com a Associação Paulista de Supermercados (Apas) e a revista SuperVarejo, mostra que a marca brasileira foi a que mais vendeu no país, seguida pela McCain e pela Golden Foods. Ao Diário do Comércio, o diretor-geral da empresa afirmou que pretende aumentar a produção do alimento em 30%, sem abrir quais são os números anteriores.

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.