Junior do Madero, Cris do Nubank, Brex e os novos bilionários brasileiros

284 brasileiros possuem R$ 1 bilhão ou mais de patrimônio, dos quais apenas seis são novidades em um ano coma forte queda dos preços das ações, aponta levantamento

Cristina Junqueira (centro), co-fundadora do Nubank, na estreia da empresa na Bolsa de Nova York no fim de 2021
01 de Setembro, 2022 | 04:49 PM

São Paulo — Algumas coisas na lista dos mais ricos do Brasil não mudam - como a liderança de Jorge Paulo Lemann no ranking, com patrimônio estimado em R$ 72 bilhões —, mas novos nomes surgem a cada ano, ao mesmo passo em que alguns deixam o ranking.

Em 2022, as principais novidades são os empreendedores Henrique Dubugras e Pedro Franceschi, co-fundadores da Brex, uma das maiores fintechs dos Estados Unidos; Cristina Junqueira, CEO no Brasil e co-fundadora do Nubank (NU), que abriu o capital na Bolsa de Nova York no fim de 2021; e o empresário Junior Durski, fundador e CEO da rede de restaurantes Madero, empresa com dívida de quase R$ 1 bilhão, apenas R$ 40 milhões em caixa, mas que está acelerando um plano de expansão, como revelou reportagem da Bloomberg Línea há duas semanas.

O levantamento, feito pela Forbes Brasil, foi divulgado nesta quinta-feira (1º) e traz, ao todo, 284 bilionários brasileiros. Desses, somente seis fazem suas estreias na lista.

Mas, diferentemente do cenário de um ano atrás, 2022 trouxe poucos novos bilionários, o que indica um período mais complicado para os empresários e investidores brasileiros, diante de um cenário mais desafiador para o mercado de capitais, com queda nos preços das ações e o efeito dos juros altos. Nos últimos 12 meses, o Ibovespa, que serve de referência para as ações mais negociadas, acumula queda de cerca de 10%, mas em alguns casos a desvalorização supera os 50%.

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Essa queda nos preços de ativos tem impacto no patrimônio dos brasileiros mais ricos porque a fatia acionária em uma ou mais empresas é justamente a principal origem dessa riqueza dos bilionários.

Conheça abaixo os novos bilionários brasileiros:

Dupla empreendedora da Brex

Pedro Franceschi, co-fundador e co-CEO da fintech de cartões corporativos Brex

No 47º lugar do ranking dos bilionários brasileiros, aparecem empatados os fundadores da Brex, Henrique Dubugras, de 26 anos, e Pedro Franceschi, de 25 anos. Ambos têm uma fortuna estimada em R$ 7,15 bilhões cada um. Em janeiro, a fintech de cartões corporativos com sede em São Francisco, nos Estados Unidos, foi avaliada a US$ 12,3 bilhões.

Fortuna em família

Fábrica da Unigel, cujos controladores Henri Slezynger e família entram para a lista dos mais ricos do Brasil da Forbes

Henri Armand Slezynger e sua família são estreantes na lista da Forbes, em 106º lugar. Slezynger, que nasceu na Bélgica, mas é naturalizado brasileiro, ficou rico com a fundação da Unigel, uma das maiores empresas do setor químico e de fertilizantes da América Latina. Juntos, ele e os filhos detêm 100% da companhia e uma fortuna estimada de R$ 3,32 bilhões.

O efeito Nubank

Cristina Junqueira, co-fundadora do Nubank, entra para a lista de mais ricos da Forbes

O terceiro nome novo a aparecer na lista dos mais ricos do Brasil em 2022 é o de Cristina Junqueira, de 38 anos, cofundadora do Nubank, com uma fortuna estimada em R$ 2,5 bilhões. A Forbes também afirma que Junqueira “é uma das poucas mulheres da lista brasileira a integrar o time de self-made bilionários, cujo patrimônio é resultado do trabalho próprio, e não de herança”. Ele aparece na 138ª posição na lista.

Dobrando a aposta no Madero

Junior Durski, fundador, controlador e CEO da rede de restaurantes e lanchonetes Madero

O fundador, controlador e CEO da rede de restaurantes e lanchonetes Madero, Luiz Renato Durski Junior, de 58 anos, é um dos mais novos bilionários do Brasil, aparecendo na 194ª posição, com fortuna estimada em R$ 1,75 bilhão. Esse salto se deu com o aporte de R$ 300 milhões do gigante americano de private equity Carlyle no fim do ano passado, que, segundo a Forbes, avaliou a empresa em R$ 4 bilhões. Durski tem cerca de 60% do capital da companhia.

Reportagem da Bloomberg Línea há duas semanas revelou a situação financeira desafiadora da companhia, com dívida de quase R$ 1 bilhão e R$ 40 milhões em caixa. Na vida pessoal, Junior, como é chamado, mostra otimismo com os negócios e aparece usando jatinho de sua frota.

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O poder do agronegócio

IPO da Vittia na B3 foi realizado em setembro de 2021

A janela para novas empresas na bolsa brasileira se fechou no trimestre final de 2021 e não se abriu mais desde então, mas houve tempo para que Wilson Fernando Romanini e família ingressassem na lista dos bilionários brasileiros, com fortuna estimada em R$ 1,07 bilhão, na 270ª posição. O dinheiro vem da participação de Romanini como CEO e acionista do Grupo Vittia, que fez o IPO em em setembro de 2021. A empresa é uma das maiores do país no segmento de insumos e fertilizantes para o agronegócio.

Fortuna no petróleo

A PetroReconcavo explora campos maduros em terra: empresa de Eduardo Cintra Santos e família e outros investidores

Completam a lista dos novos bilionários brasileiros no levantamento da Forbes o empresário Eduardo Cintra Santos e família, com fortuna estimada em R$ 1 bilhão. Eles estão entre os principais acionistas da PetroReconcavo, com pouco mais de 9% do capital, e ficaram em 284º lugar no ranking. A petrolífera especializada em campos terrestres abriu o capital na B3 em maio de 2021 e tem surfado na onda da forte valorização do preço do petróleo - ao menos no primeiro semestre deste ano.

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.