Fintech de maquininhas Hash ‘dá origem’ a nova startup no setor financeiro

Fiinco, nova empresa de Ademar Proença, ex-COO da Hash, planeja oferecer acesso facilitado de infraestrutura e serviços para outras startups

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Bloomberg Línea — O ex-COO da Hash Ademar Proença deixou a fintech de maquininhas há um mês, depois de três anos na empresa. Agora, ele começa uma startup para infraestrutura financeira, a Fiinco.

Proença usa apenas capital próprio para construir a empresa, mas diz que deve procurar rodadas de investimento quando tiver uma visão mais clara do novo produto. Ele contou à Bloomberg Línea que tem um time trabalhando em “stealth mode”, de forma discreta, e não divulgou mais informações para “preservar a estratégia”.

Mas, segundo ele, a Fiinco vai trabalhar com infraestrutura financeira, em um modelo similar ao da Hash para permitir que empresas tenham acesso a serviços financeiros de forma mais simples, sem ter que contratar um time de tecnologia para desenvolver soluções “dentro de casa”.

Contudo o produto da Fiinco não serão maquininhas de pagamento, como na Hash. “Será um produto que na minha experiência passada foi muito demandado por clientes. Era algo que eles buscavam e a Hash não conseguia atender. Agora eu decidi ir de encontro a essa demanda”, contou.

Proença disse não saber comentar sobre as operações da Hash no momento, mas afirmou que teve muitos aprendizados sobre como tirar uma empresa do zero e fazer product market fit, algo que a Hash fez durante a pandemia em 2020.

“Outro aprendizado valioso [que trago da Hash] é a parte de arquitetura financeira”, disse.

A Hash, fintech brasileira fundada pelos ex-funcionários da Pagar.me João Miranda e Thiago Arnese, demitiu funcionários na metade de agosto e encerrou novos projetos com clientes.

CEO da Hash, Miranda foi um dos primeiros funcionários da Pagar.me, fintech de Henrique Dubugras e Pedro Franceschi (co-CEOs e co-fundadores da Brex) que foi vendida para a Stone (STNE). Em 2017 ele criou a Hash com a ideia de permitir que qualquer empresa pudesse oferecer serviços financeiros.

Essa concepção é endossada pela investidora Angela Strange, da a16z, que aporta na Pomelo, uma fintech argentina que tem como modelo de negócios justamente a infraestrutura financeira para empresas.

Pelo modelo de negócio da Hash, as empresas clientes deixariam a seu cargo a construção da tecnologia, a regulamentação e as operações, e a fintech ofereceria como produto uma maquininha de adquirência em modelo white label, ou seja, com o nome da empresa cliente. É o mesmo negócio da Zoop, empresa de pagamentos da Movile, holding de investimentos dona do iFood.

A Hash captou uma Série C de US$ 40 milhões em outubro de 2021. A empresa tem entre seus investidores a americana QED Investors, a Kaszek e o Canary. Rodada após rodada, a empresa aumentou o número de funcionários (gráfico abaixo) e gastou o capital com campanhas de marketing e rebranding, entre outras áreas.

Mas com um cenário mais complexo para captação de venture capital, uma nova rodada não veio, e Miranda teve que cortar funcionários e deixar de atender clientes. Um dos clientes atendidos pela Hash era a Neon, uma das maiores fintechs do país, fundada por Pedro Conrade em 2016. A Hash é responsável pelas maquininhas utilizadas pelo MEI Fácil, plataforma da Neon.

Um executivo familiarizado com as discussões da Neon disse que o banco digital não iria incorporar a Hash e que procuraria outro parceiro para a produção das maquininhas ou desenvolveria a tecnologia dentro de casa. Por meio de nota, o MEI Fácil disse que não está assumindo a infraestrutura da Hash.

Procurado, o CEO da Hash negou que a empresa fosse incorporada pela varejista de marcenaria Léo Madeiras, seu maior cliente. Mas também disse que a empresa não acabou. Ele não quis comentar sobre possíveis M&As (operações de fusão e aquisição).

Em visita aos sites do MEI Fácil e da Léo Madeiras não é possível adquirir novas maquininhas (veja abaixo). O MEI Fácil diz que novas maquininhas estão indisponíveis temporariamente e o Léo Madeiras disse que o site das maquininhas - chamadas de Leozinhas - está passando por alguns ajustes.

Em consulta à Receita Federal nesta quinta-feira (1), as empresas da Hash tanto no Brasil (Hash Lab Participações, uma sociedade limitada que tem como atividade holding de instituições não financeiras e financeiras) como em Delaware (Hash Payments Solution Holding II LLC) estão ativas.

Pelos documentos, a Hash instituição de pagamento tem um capital social de R$ 166 milhões, enquanto a Hash do exterior tem um capital social de R$ 105 milhões.

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