Bancos revisam projeções e agora esperam que Brasil cresça 3% este ano

Para frente, no entanto, muitos veem perda de fôlego, seja pelos efeitos defasados da política monetária ou pela desaceleração global

PIB foi impactado pela alta de 1,3% nos serviços, de acordo com o IBGE, com a volta dos serviços presenciais, como restaurantes e hotéis
Por Barbara Nascimento e Josue Leonel
01 de Setembro, 2022 | 04:08 PM

Bloomberg — A recuperação da atividade acima das projeções, com crescimento do PIB de 1,2% ante mediana esperada de 0,9%, levou economistas a revisarem para cima as previsões para 2022. Goldman Sachs (GS) e Bank of America (BAC) elevaram estimativas e agora esperam avanço próximo de 3%, com medidas do governo como repasses e desonerações, além da reabertura da economia com o arrefecimento da pandemia.

O PIB foi impactado pela alta de 1,3% nos serviços, de acordo com o IBGE, com a volta dos serviços presenciais, como restaurantes e hotéis. Consumo das famílias cresceu 2,6%.

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Para frente, no entanto, muitos veem perda de fôlego, seja pelos efeitos defasados da política monetária, seja pela desaceleração global, com alta dos juros dos países desenvolvidos. Veja o que dizem os analistas:

Cassiana Fernandez e Vinícius Moreira, economistas do JPMorgan (JPM)

  • Revisa projeção do PIB do Brasil 2022 para 2,6%, com base no consumo privado mais forte e investimentos que superaram as expectativas
  • Crescimento mais forte vem por trás de estímulo fiscal e maior renda disponível em meio à queda nos preços dos combustíveis

Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs

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  • Goldman Sachs reajustou a projeção de PIB para 2022 de 2,2% para 2,9%; expectativa de crescimento econômico para 2023 é de 1%
  • Crescimento nesse semestre foi motivado por estímulos fiscais, mercado de trabalho mais forte que o esperado, alta das commodities, fluxo de crédito e atenuação do impacto do coronavírus na economia
  • Banco espera que a atividade pode vir a ser abalada pela inflação, efeitos da alta dos juros, desaceleração global, redução do crédito, inadimplência e incertezas pós-eleições

David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America

  • Bank of America revisou projeção para PIB neste ano de 2,5% para 3,25%
  • No segundo trimestre, destaca a resiliência do setor de serviços e o consumo privado, ajudado por estímulos fiscais
  • "Isso aconteceu mesmo antes do corte no ICMS, aumento do Auxílio Brasil e redução nos combustíveis, o que deve ter uma grande influência positiva nos resultados do próximo semestre"

Natália Cotarelli, economista do Itaú Unibanco (ITUB4)

  • Dados do segundo trimestre indicam PIB no ano entre 2,5% e 3%; projeção do banco hoje é 2,2%
  • Para ela, o PIB vai desacelerar ao longo do segundo semestre e Auxílio Brasil não deve ser suficiente para compensar o impacto da política monetária
  • Itaú espera alta marginal da atividade no terceiro trimestre e queda no quarto trimestre de 2022
  • Surpresa positiva no segundo trimestre veio, pelo lado da oferta, de serviços e indústria; na demanda, de consumo das famílias e investimento (FBCF)

Lucas Maynard, economista do Santander (SANB11)

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  • Vemos riscos de alta relevantes para nossa previsão de crescimento de 1,9% do PIB para 2022
  • Calculamos um fechamento do hiato do produto, pairando em torno de +0,5% e alcançando leitura positiva pela primeira vez desde 2014
  • "No curto prazo, o leve carryover liderado pelos dados de atividade de junho junto com o enfraquecimento apontado por nosso indicador proprietário corrobora uma perspectiva de esfriamento da atividade"

Leonardo Costa, economista da Asa Investiments

  • Projeção para o PIB de 2022, atualmente em +2,1%, deve ser revista para cima, para mais próximo de 3%, depois da divulgação do resultado do segundo trimestre
  • Asa ainda aposta numa desaceleração no 3º trimestre, que deve ser suavizada pelas medidas fiscais do governo
  • Indústria teve destaque positivo e os serviços continuaram avançando; economista destaca o crescimento do consumo das famílias

Flavio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos

  • Chama atenção crescimento do consumo das famílias, com antecipação do 13º dos aposentados e saque de FGTS
    • "Medidas mais recentes de aumento do Auxílio Brasil vão pegar mais no 3T"
  • Vê indústria mais fraca no 3T, e desaceleração em serviços e consumo das famílias; espera 4T negativo

Cristiano Oliveira, economista do Banco Fibra

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  • Abertura do PIB confirma o cenário de forte crescimento da demanda agregada
  • Crescimento também deve ser "moderadamente forte" da atividade também no 3T22

Rodolfo Margato, economista da XP (XP)

  • Atividade econômica brasileira apresentou forte crescimento nos últimos dois trimestres, com expressivo aumento da demanda interna
  • Setor de serviços permaneceu em trajetória de recuperação bastante sólida, puxado especialmente pela reabertura econômica e recuperação do mercado de trabalho
  • "Nossa expectativa para o crescimento do PIB em 2022, atualmente em 2,2%, tem viés de alta. Por fim, também atribuímos um viés positivo à previsão de aumento de 0,5% para o PIB de 2023, a despeito da política monetária em território amplamente contracionista e o enfraquecimento da economia global"

Luca Mercadante, economista da Rio Bravo

  • "Surpresa fica para serviços e, especialmente para indústria, que tiveram resultados melhores do que se esperava. A agricultura, por outro lado, decepcionou, crescendo menos do que o projetado"
  • "Economia seguiu se beneficiando do processo de reabertura e da recuperação do mercado de trabalho. Resta saber como será a desaceleração esperada para a segunda metade de 2022"

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