Antes impensável, paridade da libra com o dólar vira possibilidade

Reino Unido enfrenta os mesmos desafios que outros países, mas eles são agravados por um conjunto único de problemas próprios

Billetes del Reino Unido
Por Simon White
01 de Setembro, 2022 | 04:40 PM

Bloomberg — A perspectiva de a libra atingir a paridade com o dólar se torna cada vez menos improvável.

A ameaça iminente de uma recessão, a dependência aguda do capital estrangeiro, a disparada nos custos da dívida e a crescente probabilidade de a independência do Banco da Inglaterra ser cerceada são más notícias para os ativos do Reino Unido e deixam os títulos e a moeda em uma posição cada vez mais precária.

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Criticar o Reino Unido se tornou uma espécie de passatempo nacional, mas mesmo em uma análise imparcial dos dados, é difícil chegar a uma perspectiva otimista. Não há porque medir as palavras: a situação é terrível.

O Reino Unido enfrenta os mesmos desafios que outros países, mas eles são agravados por um conjunto único de problemas próprios. O crescimento deve se desacelerar muito mais nos próximos meses, com base na mensagem inequívoca do colapso dos principais indicadores, e não vai demorar muito para que a economia esteja flertando com uma recessão.

Os problemas do Reino Unido são exacerbados por um rombo crescente na conta corrente. O déficit de bens piora mais do que a melhora na conta de serviços. Além disso, a capacidade do Reino Unido de cobrar um prêmio sobre o que recebe de ativos no exterior contra o que paga em ativos mantidos no exterior evaporou. Culpe o Brexit ou não, mas os dados não mentem.

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O déficit fiscal também é grande, e estrangeiros detém cerca de 25% dos títulos públicos. Além disso, o Reino Unido enfrenta um desafio semelhante a outros países europeus com custos de energia em disparada que provavelmente terão que ser subsidiados de alguma forma pelo Tesouro. O Reino Unido não tem exposição direta ao gás russo, mas continua exposto a efeitos indiretos devido à sua dependência energética de outros países em cerca de 35%.

Juntos, os déficits fiscal e de transações correntes chegam a 11,1% do PIB, exigindo um oceano de capital estrangeiro para manter as engrenagens girando.

A taxa de câmbio entre a libra esterlina e o dólar é a mais antiga do mundo, com 250 anos. A probabilidade implícita de ela atingir a mínima histórica de 1,05 até o final do ano é agora de 1 em 7. Mesmo a chance de quebrar o limiar da paridade, o que pareceria uma fantasia no início deste ano, agora parece uma aposta razoável, com uma probabilidade de 1 em 32. Fomos avisados.

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Simon White escreve para o blog Markets Live da Bloomberg News. Suas observações não pretendem ser um conselho de investimento.

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