Bloomberg Línea — A startup de benefícios corporativos flexíveis Caju anunciou nesta quarta-feira (31) que recebeu um investimento Série B de US$ 25 milhões liderada pelo fundo americano K1 Investment Management, com participação do Valor Capital Group, Picus Capital, Caravela Capital, FJ Labs e Clocktower, que já eram investidores.
Mesmo em momento mais desafiador para investimentos de risco com a alta de juros, a Caju disse que seu valuation aumentou em relação à Série A, embora não divulgue o valor. Dados da LAVCA (Associação de Investimento em Capital Privado na América Latina) mostram que desde o início do ano até junho, as startups da América Latina captaram US$ 5,4 bilhões em 541 transações. Só no Brasil foram US$ 2,2 bilhões investidos em 232 rodadas.
Eduardo del Giglio, CEO da companhia, e o CTO, Renan Mendes, fundaram a empresa há dois anos com a ideia de criar alternativas para o uso dos vales concedidos pelas empresas aos funcionários. Os dois se conheceram durante um programa para empreendedores da empresa de venture capital brasileira Canary.
Durante a pandemia, muitos colaboradores demandaram alternativas para o trabalho remoto, e a Caju surfou na onda para oferecer vales e benefícios que vão além da alimentação, refeição e transporte.
Conforme antecipado pela Bloomberg Línea, de 2021 até agora, a oferta de auxílios ligados à saúde e os chamados “benefícios flexíveis” ganharam mais espaço nas empresas brasileiras, segundo o levantamento Guia Nacional de Benefícios de 2022, feito pela consultoria Leme sob encomenda da startup francesa Swile.
De acordo com a pesquisa, assistência médica é o benefício mais oferecido aos funcionários (76,2%). Vale-refeição é oferecido para 75,1% das 1.641 empresas ouvidas. Mas as empresas de benefícios flexíveis, permitidas por medida provisória editada este ano, agora podem oferecer dinheiro para uso livre junto do auxílio alimentação.
Antes da edição da norma, por conta da lei trabalhista, isso só era possível ser oferecido para restaurantes e supermercados. De acordo com o estudo, o número de empresas que oferecem benefícios flexíveis dobrou em um ano, de 26,2% em 2021 para 44,2% em 2022.
Por meio do cartão Visa, os funcionários das empresas clientes da Caju podem escolher usar seus benefícios entre sete categorias, que vão desde cultura (com assinatura de Netflix (NFLX) e Spotify (SPOT)), alimentação, refeição, transporte, entre outros.
A Caju diz que tem 11 mil empresas clientes no Brasil e pretende dobrar o número de funcionários que usam o cartão da startup até o final do ano.
A empresa abriu 2022 com 70 funcionários e já tem 190 pessoas na equipe. Agora, eles esperam continuar contratando na área de tecnologia.
“Nossa visão não é apenas atuar com os benefícios, mas trazer outras soluções para as empresas”, disse del Giglio, em comunicado à imprensa. O dinheiro da Série B será usado para explorar novos produtos.
Em abril, a startup lançou um recurso para viagens corporativas. Pelo Caju Viagens, as empresas podem adiantar os recursos que seus funcionários vão usar na viagem.
Competindo com gigantes do mercado de vale-alimentação como a Alelo, a Ticket (da francesa Edenred) e a Sodexo, a Caju afirma que seu cartão funciona em qualquer estabelecimento que aceite a bandeira Visa e se relacione com a finalidade das categorias em que há saldo disponível.
Cerca 90% do mercado de benefícios ainda está concentrado em quatro empresas.
A Caju opera em uma situação semelhante à startup Swile, que usa a bandeira Mastercard, logo, não precisa negociar com os estabelecimentos que aceitem seu cartão, mas ganha acesso a toda a base da bandeira. Novos entrantes no mercado de benefícios incluem a Flash Benefícios e o iFood.
A empresa afirma que a divisão por carteiras de categorias possibilita às empresas que deixem seus colaboradores definirem para quais delas desejam enviar o valor, respeitando a legislação trabalhista. A startup disse ainda que não cobra taxas de adesão, administração e entrega do cartão.
No começo, os clientes da Caju eram principalmente startups, como a Loft e a Alice. Mas hoje, a empresa disse que já atende grupos mais tradicionais como a Votorantim, O Boticário e a Dafiti.
Em seu primeiro ano de operação, a Caju levantou um investimento semente de R$ 13 milhões, liderado pelo Valor Capital Group e pelo Canary. Um ano depois, a empresa captou R$ 45 milhões em sua Série A com o Valor Capital Group, Caravela e Volpe Capital.
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