Snap e Facebook devem anunciar cortes: por que as techs estão demitindo?

Empresa de mídia social para jovens planeja cortar 20% do quadro, segundo o Verge; veterano do setor aponta razões para demissões em empresas lucrativas

Cortes de pessoal em companhias que dão lucros podem ter um objetivo: limitar aumento de gastos com salários em tempos de inflação nas alturas
30 de Agosto, 2022 | 07:43 PM

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Bloomberg Línea — O Snapchat (SNAP) e o Facebook (META) devem demitir e fechar projetos nos próximos dias, segundo veículos de imprensa. O Snap planeja demitir cerca de 20% de seus quase 6,5 mil funcionários, de acordo com apuração do The Verge. Já o Business Insider relata que centenas de contratados da Accenture pelo Facebook para fazer moderação de conteúdo nos Estados Unidos devem ser demitidos até o final do ano.

Segundo o Business Insider, o Facebook está deixando de trabalhar em projetos com a Accenture para procurar outro provedor de serviços de Singapura, onde os custos são menores, segundo uma pessoa familiarizada com as discussões. A porta-voz da Accenture e do Facebook não quiseram comentar o assunto com o Business Insider.

No Snap, as demissões devem começar nesta quarta-feira (31), segundo o The Verge. A Zenly, a empresa que o Snap adquiriu em 2017 para mapeamento social, deve ser impactada pelos cortes.

Um porta-voz do Snap se recusou a comentar com o The Verge. Nesta terça-feira (30), as ações do Snap caíram até 4% nas negociações na Bolsa de Nova York. No fim do dia, a queda foi de 2,5%.

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‘A economia está boa demais’

Mas por que até grandes empresas de tecnologia estão demitindo?

Seth Ravin, CEO e fundador da empresa global de suporte a software corporativo Rimini Street, acredita que esse movimento de empresas de tecnologia demitindo e congelando contratações tem a ver com a alta da inflação - na casa de quase 10% ao ano - e a necessidade de aumentar o salário dos funcionários. Logo, se tiverem que aumentar o salário de todos os funcionários, os lucros serão menores. Por isso, empresas optam por ter menos pessoas, de acordo com Ravin.

A Rimini Street é um provedor de software corporativo e compete com gigantes como a Oracle e SAP, com 2.900 empresas como clientes em cerca de 30 países. A Rimini Street é listada na Nasdaq.

O executivo, um veterano com 30 anos no mercado de tecnologia, disse que haverá uma recessão nos Estados Unidos. Mas ele afirmou que será diferente da recessão de 2008, quando houve um colapso financeiro global.

“A economia nos EUA está mais forte do que nunca. Temos 11 milhões de empregos que não conseguimos encontrar pessoas para preencher. Todo mundo está desesperado para encontrar pessoas. Isso está causando problemas de queda nos lucros e levando às quedas na bolsa. Mas isso é porque estamos tão bem-sucedidos. É maluco, nunca vi nada como isso”, disse Ravin em entrevista à Bloomberg Línea.

“Agora estamos elevando a taxa de juros para tentar conter a economia porque estamos tão bem-sucedidos. É bem diferente de 2007. Os bancos e os consumidores estão fortes agora. Temos que esfriar a economia”, disse.

Entre as grandes empresas de tecnologia:

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Todas as empresas de tecnologia vão cortar a equipe em 10%. Não é porque elas não estão crescendo, é por causa do impacto nos lucros: se você pagar a todos os seus funcionários de 10% a 20% mais, isso reduzirá muito seus lucros”, explicou Ravin.

“Se você vai pagar mais para todo mundo, só há um jeito: tem que ter menos pessoas. Isso gera essa situação única em que todo mundo corta pessoas no meio da melhor economia possível, porque eles têm que ter lucros para garantir o preço da ação.”

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups