Bloomberg — O Credit Suisse (CS) recomendou a investidores que reduzam sua exposição às ações globais após o simpósio de Jackson Hole, na semana passada, em que líderes de bancos centrais reforçaram seu compromisso de domar a inflação com taxas de juros mais altas por tempo prolongado, a começar pelo mais importante do mundo, Jerome Powell, do Federal Reserve.
A expectativa de uma reversão precoce - em 2023, por exemplo - do aperto monetário do Federal Reserve e de outros grandes bancos centrais está agora fora de cogitação, disse em nota Michael Strobaek, diretor global de investimentos do banco europeu.
Os mercados agora se deparam com desaceleração do crescimento, riscos maiores de recessão e inflação elevada, e “os próximos meses provavelmente serão dolorosos”, disse ele.
Traders de renda variável em todo o mundo apostaram erroneamente que o Fed poderia sinalizar um abrandamento de seu aperto em Jackson Hole, o que levou a um rali de 13% no MSCI World Index entre sua mínima de junho e máxima de meados de agosto.
Após Powell apagar quaisquer esperanças remanescentes de uma mudança antecipada para uma política monetária mais frouxa, as ações globais sofreram uma liquidação intensa de dois dias.
A recomendação de exposição “underweight” do Credit Suisse representa o segundo rebaixamento em menos de um mês. O comitê de investimentos do banco suíço já havia cortado sua alocação de ações de “overweight” para neutra em 10 de agosto, após o rali de verão no hemisfério norte. O banco disse que decidiu reduzir sua recomendação novamente porque as perspectivas para ações de mercados desenvolvidos e emergentes não estão atraentes.
Embora os próximos meses tendem a ser mais voláteis, Strobaek não aconselha os investidores a abandonarem totalmente as ações. Com inflação próxima de 8% ao ano em muitos países, manter muito dinheiro em caixa significaria uma “perda garantida no poder de compra”, disse.
Em vez disso, o banco suíço recomenda que os investidores mantenham ativos que possam se beneficiar no longo prazo ou títulos em moeda forte de mercados emergentes que ofereçam uma vantagem de rendimento substancial sobre dívidas de mercados desenvolvidos.
“Acredito que estamos caminhando para ‘cair na real’ nos próximos meses”, disse ele. “Por enquanto, nos tranquiliza estarmos posicionados com mais cautela.”
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