Powell ‘fez o que precisava fazer’ em Jackson Hole, diz Larry Summers

Ex-secretário do Tesouro defende entendimento de que impactos de curto prazo a empresas e famílias com juros altos vão permitir prosperidade de longo prazo

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Bloomberg — O ex-secretário do Tesouro americano Lawrence Summers fez alguns raros elogios ao atual Federal Reserve e disse que a mais recente promessa do presidente Jerome Powell de conter a inflação foi uma “declaração de quem está determinado”.

Pouco depois de Powell se dirigir a outros banqueiros centrais no simpósio anual do Fed em Jackson Hole, no estado de Wyoming, Summers disse que o condutor da política monetária americana “fez o que ele precisava fazer” e que ficou claro que a “prioridade preponderante” da instituição é reduzir a inflação que está no maior patamar em quatro décadas.

Em um breve discurso na sexta-feira (26), Powell sinalizou que o Fed provavelmente continuará aumentando as taxas de juros e as deixará elevadas por um tempo para conter a inflação. Ele disse que restaurar a inflação para a meta de 2% é o “foco preponderante no momento” para o banco central e que consumidores e empresas sentirão impactos econômicos.

Summers, colaborador da Bloomberg TV e professor da Universidade Harvard, criticou repetidamente o Fed por não ter identificado a tempo a recente disparada da inflação e, em seguida, ter agido muito devagar para combatê-la.

“Com essas observações, o Fed fica posicionado da melhor maneira possível – dada a perda de credibilidade e os erros que ocorreram – para gerenciar as coisas daqui para frente”, disse ele.

Summers elogiou o reconhecimento de Powell de que haverá um preço a pagar pelo arrefecimento da inflação, observando que os impactos de curto prazo no emprego e nos salários serão aceitáveis para garantir a prosperidade a longo prazo.

Powell “priorizou a inflação, deixando claro que reconhece que essa priorização terá consequências adversas de curto prazo que não serão fáceis”, disse Summers.

O ex-chefe do Tesouro dos EUA também disse que a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, tem “um trabalho muito mais difícil” do que Powell dada a inflação da zona do euro, os choques de preços de energia e os problemas políticos regionais.

“Vai ser um caminho muito difícil para eles percorrerem na Europa”, disse Summers. “Meu palpite é que eles terão que aumentar os juros mais do que o que está atualmente precificado, mas isso acontecerá em um momento em que há forças recessivas muito significativas.”

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