Bloomberg Línea — As entrevistas dos quatro candidatos à frente das pesquisas ao Jornal Nacional, da rede Globo, na última semana, tiveram ao que parece um impacto limitado no desempenho deles entre os eleitores, a julgar pela pesquisa BTG/FSB divulgada nesta segunda-feira (29).
Enquanto o ex-presidente Lula (PT) oscilou dois pontos para baixo e ficou com 43% das intenções de voto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) continuou com os 36% que havia conseguido na última pesquisa, divulgada há uma semana.
Depois deles, vêm os candidatos Ciro Gomes (PDT), que saiu de 6% para 9% em uma semana, e Simone Tebet (MDB), que seguiu com 4%.
Segundo a FSB, o cenário indica que haverá segundo turno: a soma de todos os candidatos exceto Lula chega a 51% dos votos.
A pesquisa foi realizada por telefone entre os dias 27 e 28 de agosto. É a primeira depois da rodada de entrevistas dos candidatos ao Jornal Nacional, de segunda à sexta da semana passada. Mas não captou a reação dos eleitores ao debate entre os candidatos transmitido pela Bandeirantes, em conjunto com TV Cultura, jornal Folha de S. Paulo e portal UOL, no domingo (28) à noite.
Para a FSB, a estabilidade no cenário “pode em boa parte ser explicada” pelas intenções de voto de quem recebe o Auxílio Brasil, versão bolsonarista do Bolsa Família petista. Dos entrevistados pela FSB, 83% não recebem o Auxílio Brasil, 9% não recebem, mas moram com alguém que recebe, e 7% recebem.
Segundo a pesquisa, 58% dos que recebem o dinheiro declararam voto em Lula, mesmo percentual da semana passada. Bolsonaro caiu nesse público, saiu de 31% e foi para 24%.
Lula também é favorito entre quem não recebe o Auxílio, mas mora com alguém que recebe: ganha por 62% a 24%. Entre os que não recebem nem moram com alguém que recebe, Lula é o escolhido de 39%, e Bolsonaro, de 38%.
Lula caiu, no entanto, na preferência entre as mulheres. Na semana passada, ele batia Bolsonaro por 51% a 38% no segmento. Na pesquisa desta segunda, o placar ficou em 46% a 39%. Quem mais cresceu entre as eleitoras foi Ciro Gomes, que estava em 5% e chegou a 9%.
A rejeição aos líderes das pesquisas também se manteve estável. Bolsonaro é o dono da maior rejeição, 55%, mesmo patamar há um mês, quando atingiu a mínima de 53%. A rejeição de Lula subiu um ponto em uma semana e ficou em 45% dos pesquisados. Empate técnico com Ciro, que viu a rejeição cair cinco pontos para 46% depois da entrevista ao JN.
A rodada de entrevistas também não serviu para mexer na avaliação (ruim) que os eleitores têm do governo Bolsonaro. Segundo a pesquisa, o índice de “ruim ou péssimo” continua nos mesmos 45% da segunda-feira da semana passada. Em relação ao fim de junho, a queda é de cinco pontos percentuais.
A desaprovação da forma de Bolsonaro governar também ficou estável, em 55%. A aprovação subiu no limite da margem de erro, de 38% para 40%.
As avaliações negativas do governo e a rejeição à figura do presidente têm sido considerados os principais obstáculos ao crescimento do desempenho dele nas pesquisas. Segundo o diretor do Instituto FSB Pesquisa, Marcelo Tokarski, responsável pelas pesquisas eleitorais financiadas pelo BTG, a campanha de Bolsonaro aposta no horário eleitoral na televisão para melhorar a imagem do governo.
A percepção dos eleitores sobre a economia, embora permaneça estável, vem dando sinais de melhora, o que pode favorecer o governo. Pela primeira vez, o fatia dos que acham que os preços vão aumentar ficou abaixo da dos que acham que os preços vão diminuir. O placar ficou em 34% a 33%.
Os que acreditam que os preços aumentaram nos últimos três meses ficou nos mesmos 81% da semana passada - esse índice vinha em queda constante desde a pesquisa de 27 de junho, quando bateu o pico de 97%.
A pesquisa ouviu duas mil pessoas por telefone entre os dias 26 e 28 de agosto. A margem de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o índice de confiança é de 95%. O registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR-08934/2022.
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